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    PMDB barra demissão na Transpetro

    ANDRÉIA SADI
    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    11/10/2014 02h00

    Pressionada pelo PMDB, a presidente Dilma Rousseff cedeu ao aliado e desistiu nesta sexta-feira (10) de demitir Sérgio Machado da presidência da Transpetro, subsidiária da Petrobras.

    Pela manhã, conforme revelou a Folha, Dilma sinalizou a interlocutores que estava decidida a demitir Machado, uma indicação do PMDB que atua na estatal desde o governo Lula.

    Ele foi citado em depoimento de Paulo Roberto Costa à Justiça Federal como uma das pessoas que participavam do esquema de irregularidades na Petrobras.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Paulo Roberto disse ter recebido R$ 500 mil do presidente da Transpetro. Segundo o ex-diretor, o pagamento foi referente à licitação de navios pela empresa para a área de abastecimento.

    Ameaçado, o PMDB, partido responsável pela indicação de Machado, montou uma verdadeira operação para segurar a demissão.

    Integrantes da cúpula do partido procuraram ministros de Dilma para defender a permanência do presidente da Transpetro no governo com dois argumentos.

    O primeiro é que, na avaliação do partido, exonerar somente Machado seria o mesmo que usar dois pesos e duas medidas''.

    O PMDB fez chegar à presidente que, se o seu apadrinhado fosse demitido, ela deveria cobrar de seu partido também a saída de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT.

    Tanto Costa como o doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava Jato, disseram à Justiça Federal que o tesoureiro petista era o responsável por receber os recursos desviados de obras da estatal que caberiam ao PT.

    Peemedebistas afirmavam ainda nos bastidores que a presidente corria o risco de virar refém das revelações de Costa e Youssef. Um deles disse que uma demissão hoje poderia levar a muitas outras no dia seguinte a depender do que fosse divulgado na imprensa de depoimentos da dupla envolvida em irregularidades na Petrobras.

    SEM PROVAS

    Além disso, o PMDB usou como segundo argumento que demitir o presidente da Transpetro, sem a apresentação de provas contra ele, seria o mesmo que dizer que os depoimentos do ex-diretor e do doleiro são totalmente verdadeiros, o que o PT tem contestado em público.

    Em sua defesa, assessores de Dilma afirmam que a presidente não tem ingerência sobre o PT e não poderia exigir a demissão de Vaccari. Caso demitisse Sérgio Machado estaria fazendo sua parte.

    A presidente, porém, desistiu de demitir o presidente da subsidiária da Petrobras para não criar mais uma crise com o PMDB logo no início do segundo turno.

    Na avaliação da cúpula da campanha dilmista, abrir uma crise com o principal aliado num momento delicado da campanha eleitoral poderia ser um tiro no pé.

    Dilma começou, segundo as pesquisas, numericamente dois pontos percentuais atrás de Aécio Neves.

    Para tentar blindar o Palácio do Planalto da crise, assessores afirmavam que a expectativa era que tanto Vaccari como Machado pedissem demissão de seus cargos.

    A estratégia de demitir Machado foi pensada como uma forma de a presidente reeditar a imagem de faxineira'' intolerante com a corrupção, que rendeu ao governo altos índices de aprovação no começo do mandato de Dilma.

    Interlocutores da petista defenderam que ela aguarde pelo menos os próximos dias antes de tomar uma decisão. Tanto Sérgio Machado como João Vaccari afirmam que são "caluniosas" as afirmações de Paulo Roberto e Youssef.

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