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    Sartori, o 'gringo', tenta desbancar petistas no RS

    FELIPE BÄCHTOLD
    DE PORTO ALEGRE

    13/10/2014 02h00

    Um ex-professor de cursinho desconhecido pela maior parte dos eleitores até semanas atrás ameaça a principal aposta do PT nas disputas estaduais de segundo turno.

    José Ivo Sartori (PMDB), 66, foi de azarão a favorito no Rio Grande do Sul e surpreendeu nas urnas no último domingo (5), com oito pontos percentuais à frente do atual governador Tarso Genro (PT).

    Ele chega agora à reta final com um amplo apoio de partidos, que inclui a terceira colocada no primeiro turno, Ana Amélia Lemos (PP).

    A ascensão de Sartori, que em agosto somava magros 7% nas pesquisas, veio na esteira de uma estratégia de marketing que o apresentou como "o gringo", apelido dado aos descendentes de italianos da serra gaúcha: simples, conciliador, meio desajeitado e longe do político típico.

    Outro trunfo era a gestão de oito anos (2005-2012) como prefeito de Caxias do Sul, principal município do interior gaúcho, de onde saiu com uma boa avaliação.

    Luiz Chaves/Divulgação
    Ivo Sartori (PMDB), candidato ao governo do Rio Grande do Sul que irá disputar o segundo turno no Estado
    Ivo Sartori (PMDB), candidato ao governo do Rio Grande do Sul que irá disputar o segundo turno no Estado

    Em seu espaço no horário eleitoral, evitou fazer promessas e apresentou propostas genéricas. Em encontro com professores, por exemplo, se recusou a se comprometer com o pagamento do piso nacional do magistério, como seus rivais já haviam feito.

    "Prometer algo que não se tem condição de realizar vai gerar muita frustração. E aí o dia seguinte vai ser muito pior", disse à Folha.

    O estilo em cima do muro ficou claro numa programa eleitoral que apresentou elogios a ele feitos por Dilma, Aécio e Marina.

    CANDIDATO POR ACASO

    O Sartori apresentado como novidade na propaganda é um político profissional: já disputou 13 eleições e teve cinco mandatos seguidos na Assembleia Legislativa.

    Antes de entrar na política, nos anos 70, deu aulas de história em um pré-vestibular em Caxias e foi professor universitário de filosofia.

    Quadro antigo do PMDB gaúcho, figurou na urna eletrônica quase por acaso. O partido havia liderado a oposição a Tarso e queria candidatura própria neste ano.

    Diante do desgaste de nomes conhecidos do eleitorado, uma ala sugeriu Sartori, que em princípio relutou.

    "Não passava na minha cabeça ser candidato a governador. Mas tem horas em que é preciso cumprir um papel."

    Por fim, aceitou o convite e ganhou uma disputa interna no partido contra um rival ligado a um grupo pró-Dilma.

    Na campanha ao governo, encampou o mote de "política diferente", algo na linha de Marina Silva, que o apoiou. Sempre que possível citava o desejo de mudança da "gurizada nas ruas" de 2013.

    Nas pesquisas, porém, o discurso parecia não engrenar. Tarso e Ana Amélia disputavam a liderança e ele se mantinha lá atrás.

    O cofre da campanha estava vazio. O PMDB nacional, contrariado pelo flerte com Marina, não investiu.

    O ponto de virada veio no meio de setembro. O PT ligou a artilharia contra Ana Amélia na TV. O bombardeio fez efeito e a senadora despencou nas pesquisas.

    Para surpresa do PT, porém, os votos migraram para uma terceira via: Sartori. A tendência só foi detectada às vésperas das eleições.

    APOIO A AÉCIO

    À euforia da votação de 40% seguiu-se uma articulação para dar palanque ao tucano Aécio Neves no Estado no segundo turno –Sartori anunciou apoio na quinta (9).

    O plano do peemedebista por ora é manter o estilo moderado diante do chumbo de Tarso, que critica o legado de gestões do PMDB e culpa a sigla pelo estouro das contas.

    Desde a ditadura militar, nunca um partido ficou no poder no Estado por dois mandatos seguidos.

    "Uma vez reclamaram que sou muito cauteloso. Respondi o seguinte: Essa cautela ainda vai me consagrar'", afirma o agora conhecido peemedebista gaúcho.

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