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    Pujança no sul de Minas rende votos para Aécio Neves

    PATRÍCIA BRITTO
    ENVIADA ESPECIAL A MINAS GERAIS

    19/10/2014 02h00

    Sete em cada dez veículos que trafegam na estrada entre Belo Horizonte e Bom Despacho são caminhões, carregados de mercadorias para serem comercializadas em outros Estados do país.

    O vaivém de cargas, as obras de duplicação da rodovia e as indústrias ao longo do caminho demonstram a pujança econômica da região que, no primeiro turno das eleições, deu maior votação ao tucano Aécio Neves.

    Ao contrário da região norte do Estado, onde o avanço na qualidade de vida é atribuído pelas famílias aos programas sociais de Lula e Dilma, no centro e sul mineiros essas ações federais são vistas como sinal de retrocesso.

    Um dos principais polos de produção de leite do país, Bom Despacho enfrenta escassez de mão de obra para o setor, o que os produtores atribuem aos programas de transferência de renda.

    Editoria de Arte/Folhapress

    "Ninguém quer trabalhar em mão de obra rural, porque já tem os auxílios. Isso está atrapalhando a produção na nossa região", afirma Célio Jesus da Silva, 64, eleitor de Aécio e diretor de uma cooperativa que reúne cerca de 4.000 produtores de leite de Bom Despacho e vizinhos.

    Silva diz não ser contra o Bolsa Família, mas que seria mais importante qualificar a mão de obra para fortalecer a economia. Por isso, afirma, escolheu votar no tucano.

    Mais ao sul do Estado, a 466 km de Bom Despacho, a preocupação com a economia também levou moradores da cidade de ruas calmas e arborizadas de Jacutinga, no sul do Estado, a votar em Aécio.

    Polo de indústria têxtil, a cidade tem renda média alta, baixo desemprego e o Bolsa Família atinge menos de 6% de seus 24,6 mil moradores.

    Donos de uma fábrica de roupas de tricô que fornece para lojas do Sul e Sudeste, o casal Marianne, 31, e Darci Cardoso, 34, reclama da falta de prioridade do governo Dilma para a indústria.

    Eleitores de Aécio, eles calculam que a inflação já elevou em 25% o preço da matéria prima neste ano, mas que não podem repassar o aumento à clientela, pois as vendas estão desaquecidas.

    "A gente está precisando trabalhar muito mais para faturar a mesma coisa, porque tudo subiu", diz Marianne.

    MÉRITO
    No sul mineiro, região colada à divisa com o Estado de São Paulo, o avanço da renda familiar não é atribuído a programas federais.

    Há 15 anos, a cabeleireira Arlene de Castro, 49, se mudou de uma região pobre do Estado para Poços de Caldas.

    "Era um lugar muito pobre, e não queria que meus filhos passassem o que passei."

    Hoje Arlene atribui a melhoria de vida ao seu próprio esforço. "Mudei minha vida 100%, mas com o meu trabalho, e não com as políticas do governo", diz a cabeleireira.

    A visão de Arlene sobre os programas sociais se repete em outros municípios da microrregião de Poços de Caldas, que deu a menor votação a Dilma em MG -31%.

    Para Eduardo Cunha, 66, que produz leite e café em seu sítio na zona rural de Jacutinga, o peso do custo da mão de obra se tornou um entrave para o avanço dos negócios.

    "Os direitos trabalhistas são o que mais afeta, o que mais tira o dinheirinho nosso. Não que eles não mereçam, só que é uma despesa muito alta para a gente, com 13º salário, férias" afirma o produtor, que tem quatro funcionários, mas diz que precisaria mais do que isso.

    Entre os argumentos a favor de Aécio e contra Dilma estão ainda a tradição de votar no PSDB no sul do Estado, denúncias de corrupção no governo federal e o anseio por mudança no Planalto.

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