• Poder

    Sunday, 28-Apr-2024 06:02:59 -03
    [an error occurred while processing this directive]

    Candidatos do Rio colocam suas mães sob os holofotes das campanhas

    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO

    20/10/2014 02h00

    Acusados de esconder os seus respectivos padrinhos políticos, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o senador Marcelo Crivella (PRB) exploram outra origem na disputa pelo governo do Rio. As mães dos dois candidatos são presença constante na propaganda de TV e em debates entre os dois.

    A mãe do peemedebista, Ercy Reis de Souza, 84, virou uma das principais estrelas de seu programa de TV e rádio. Ela já apareceu mais do que o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), exibido apenas por alguns segundos nos primeiros vídeos veiculados.

    Cabral deixou o governo do Rio em abril com a pior avaliação desde que tomou posse, em 2007.

    Com voz mansa, firme, e com simplicidade interiorana, o depoimento de dona Ercy é uma das armas da estratégia de campanha de Pezão. Seu relato sobre a criação do governador é parte da tática para mostrar o governador como político humilde, descolado da política tradicional.

    "Humilde, humildade, sempre pisar no chão. Humildade é tudo na vida, sempre falo para ele. Nunca deixar nada subir à cabeça porque tudo passa. Você tem que ser sempre o que você é", diz ela no depoimento, usado à exaustão pela campanha.

    Já o candidato do PRB apresenta Eris Bezerra Crivella, 80, como uma vítima indefesa da máquina de propaganda peemedebista. Ele afirma que por pouco não perdeu o voto da própria mãe.

    "O marqueteiro dele [Pezão], com muito tempo e dinheiro, disse para ele ser o anti-Cabral. Cabral é um sujeito conspícuo e perdulário. Pezão é o homem do interior, muito simples. Isso comove as pessoas e comoveu minha mãe também."

    "Minha mãe disse: 'Ele é um bom filho, um bom moço'. Eu falei: 'Mamãe... Não vamos votar, mas vamos orar por ele'. Mas se sua mãe fosse candidata, eu votava nela!", disse Crivella, no primeiro debate do segundo turno.

    PESO ELEITORAL

    Com apenas os primeiros anos do primário completos, dona Ercy nunca quis participar da política. Mas conta que gosta de ir às caminhadas de campanha ao lado do filho.

    "Quando era nova era melhor, andava a cidade toda com ele. Mas não aguento mais, senão eu ia mesmo."

    Pezão afirma que já traçou uma estratégia, caso a disputa aperte às vésperas do segundo turno. Colocar a mãe em carro aberto em São Gonçalo e o pai, Darcy de Souza, 87, na Baixada Fluminense, áreas mais pobres e populosas da região metropolitana.

    "O que chegava de gente e dizia que ia votar em mim por causa da minha mãe você não imagina", disse Pezão.

    Dona Ercy conta que seu peso eleitoral já foi comparado ao do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    "Meu filho falou para mim que foi num bar e disseram: 'Governador, a sua mãe conseguiu derrotar o Lula. Eu não ia votar em você, não. Só vou votar por causa da sua mãe'", disse ela.

    Lula gravou depoimento para o senador Lindbergh Farias (PT), derrotado no primeiro turno com apenas um quarto dos votos de Pezão.

    Além de estrelar a campanha, dona Ercy acompanha todos os debates madrugada adentro, além de ouvir aos programas no rádio.

    Bruno Kelly/Folhapress
    Ercy Reis de Souza, 84 anos, é mãe do governador e candidato á reeleição no RJ, Luiz Fernando Pezão
    Ercy Reis de Souza, 84 anos, é mãe de Luiz Fernando Pezão, governador e candidato á reeleição no RJ

    BATE LÁ, BATE CÁ

    Ela elogiou o desempenho do filho nos embates duros com os adversários. Questionada sobre os ataques a Pezão, ela não titubeia.

    "Mas ele bate também. Bate lá, bate cá. É bom [assistir], preenche a vida", disse ela.

    Após o alerta de Crivella à mãe, Pezão provocou o rival. "O voto é secreto. Tenho certeza que a sua mãe lá na urna te traiu. Mãe não erra."

    Questionada se poderia tentar convencer Eris, a mãe de Crivella, a votar em Pezão, dona Ercy diz: "De jeito nenhum. Ela vai votar no filho dela. Não vai dar voto para o meu filho."

    Procurada, dona Eris não quis falar. A assessoria de Crivella afirmou que ela está com a saúde frágil. Ela é irmã do bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal, alvo de ataques do PMDB no segundo turno e de quem o candidato do PRB busca se descolar.

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024