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    Aécio e Dilma evitam ataques pessoais, mas mantêm críticas à corrupção

    CÁTIA SEABRA
    DANIELA LIMA
    MARINA DIAS
    JOSÉ MARQUES
    DE SÃO PAULO
    NATUZA NERY
    GUSTAVO PATÚ
    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    20/10/2014 00h47

    Amparados em pesquisas internas que mostraram certa rejeição à agressividade que campeou no último debate, os dois candidatos à Presidência da República adotaram um tom mais propositivo no confronto deste domingo (19), na TV Record, o penúltimo antes do segundo turno.

    Em vez das trocas de acusações pessoais de nepotismo e desvios éticos, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) discutiram nos primeiros 30 minutos do evento temas como inflação, desemprego e segurança pública.

    Apesar disso, focarem na crítica mútua à atuação de uma ou outra gestão, sem a apresentação detalhada do que pretendem de fato fazer.

    O escândalo da Petrobras não deixou de ser tema do debate, entretanto, embora a petista e o tucano tenham trocado termos como "mentira" e "leviandade" -repetidos várias vezes no debate de quinta-feira (16), no evento do SBT/UOL/Jovem Pan- por palavras como "estarrecedor".

    Depois do virulento debate da quinta, o PT passou a divulgar a versão de que Aécio foi excessivamente agressivo com Dilma -ela chegou a passar mal momentos após o evento-, o que levou os marqueteiros do tucano a aconselhá-lo a colocar o pé no freio.

    Já o PT detectou em suas pesquisas rejeição ao tom belicoso praticado por Dilma, que chegou a insinuar que o adversário dirigiu sob efeito de álcool e drogas quando foi pego em uma blitz em 2011 e se recusou a assoprar o bafômetro.

    A inflexão dos candidatos também ocorre depois de que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu vetar a veiculação de propagandas com ataques recíprocos, em uma tentativa de forçar uma campanha propositiva.

    No confronto de ontem, coube a Aécio abordar o escândalo da Petrobras, já no final do primeiro bloco, citando declaração da Dilma da véspera em que ela reconhecera ter havido desvio de recursos da estatal.

    Ele então perguntou se a petista confiava no tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, apontado como integrante do esquema pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef. Os dois afirmaram à Justiça que Vaccari era o elo do partido com o esquema. Na ocasião, Vaccari e o PT negaram.

    Dilma respondeu lembrando que Costa também acusou o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, morto neste ano, de receber propina para abafar uma CPI.

    "Eu acredito no seguinte, eu sei que há indícios de desvio de dinheiro. Agora, o que ninguém sabe, nem o senhor nem eu, é quanto foi e quem foi", disse Dilma.

    Aécio ironizou, registrando que a declaração de sábado, de que houve desvio, virou "indícios de desvio". E atacou a adversária. "Mais uma vez a senhora não mandou investigar, que triste um país onde o presidente da República é quem determina quem seja investigado. Isso pode funcionar em algumas ditaduras amigas do seu governo, mas não no Brasil. Na verdade quem investiga são as instituições, candidata."

    Ao discutirem a melhor forma de gerir a estatal, Dilma soltou um "candidato, você é engraçado", acusando o PSDB de ter pretendido privatizar a Petrobras. Intenção essa que, segundo Dilma, os tucanos teriam em maior grau: "Se eu fosse funcionário do Banco do Brasil, da Caixa ou do BNDES ficaria com três pulgas atrás da orelha."

    Alvo de campanha similar em 2006 e 2010, o PSDB sempre negou intenção de privatizar as principais estatais brasileiras.

    ECONOMIA

    Um dos temas mais debatidos foi a economia, com Dilma repisando a estratégia de sua campanha de tachar o adversário como representante de um grupo político que, uma vez no poder, irá levar o Brasil ao desemprego e o arrocho salarial.

    E com Aécio também reverberando sua propaganda, a de que o Brasil quer mudança e que o PT e Dilma, na ausência de propostas, se limitam a fazer um debate sobre o passado.

    A petista voltou a atacar o anunciado ministro da Fazenda da eventual gestão Aécio, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, dizendo que ele é o "cozinheiro" da velha receita para combater a inflação: "recessão, recessão, recessão".

    "Candidato, vocês sempre gostaram de plantar inflação para colher juros, esta sempre foi a sua política e vocês governaram sim o Brasil. O Fernando Henrique, o senhor foi líder e foi liderança daquele governo naquela época. Então, candidato, não lave suas mãos, o senhor tem responsabilidade no Brasil, e tem de responder por elas", afirmou Dilma diante da afirmação de Aécio de que não governou o Brasil ainda, embora Dilma queira passar essa impressão.

    Dilma chamou ainda o rival de pessimista devido à previsão de crescimento de 0,3% neste ano. Só que essa é a estimativa mais consensual entre os analistas de mercado e também do Fundo Monetário Internacional. O Banco Central projeta 0,7%.

    No final do debate, Aécio foi muito mais aplaudido pelos aliados que foram aos estúdios da Record. O último debate presidencial -foram cinco no primeiro turno e três neste segundo turno- será realizado na sexta (24), pela TV Globo.

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