O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, afirmou nesta quarta-feira (22) que "ignora" ataques do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Para o tucano, Lula tem exercido nesta campanha um "papel inexpressivo" e "triste para sua biografia".

Aécio, que faz campanha em Belo Horizonte nesta quarta, foi questionado em entrevista sobre ataques que vem sofrendo de Lula em comícios do PT e aliados pelo país.

No sábado (18), em Belo Horizonte, Lula disse que Aécio é agressivo com mulheres e "filhinho de papai". Citou o episódio em que o tucano se recusou a fazer o teste do bafômetro e o criticou por ter chamado Dilma de "leviana" e "mentirosa" em debates.

"Lula não está disputando a eleição, ignoro [os ataques dele]. Lamento apenas que um ex-presidente da República se permita cumprir um papel tão inexpressivo como esse que ele vem cumprindo no final dessa campanha eleitoral", disse Aécio.

"É triste para sua própria biografia. Só quem perde com isso é ele. Ele apequena sua biografia com ataques torpes e absurdos como esse", completou, em referência à associação feita por Lula ontem (21) entre tucanos e nazistas ("parece que estão agredindo a gente como os nazistas agrediam no tempo da Segunda Guerra", disse o ex-presidente no Recife).

ATAQUES APÓCRIFOS

Aécio disse ainda ser vítima de ataques apócrifos em cartazes, jornais e outros materiais de campanha pelo país.

Em provável contraponto a esses ataques que diz sofrer, fez questão de abrir a entrevista reiterando que manterá programas sociais federais, como o Bolsa Família, o papel social dos bancos públicos e a política de reajuste do salário mínimo, entre outros pontos.

"Essa campanha vai ficar marcada na história do Brasil como a campanha da infâmia por parte dos nossos adversários. Hoje mesmo são boletins, jornais apócrifos sendo distribuídos em todo o Brasil, dando a ideia de que poderíamos estar indo na direção da diminuição ou do fim dos programas sociais ou da privatização dos bancos públicos", disse.

Em Belo Horizonte, por exemplo, tapumes de obras receberam cartazes com mensagens como "você vota em candidato que agride mulher?" –a maior parte já havia sido retirada nesta quarta-feira (22). Há também cartazes anônimos contra Dilma cobrando o dinheiro desviado da Petrobras.

Especificamente sobre esses cartazes, ele disse: "Não vou responder. Deixe que as pessoas respondam nas urnas a todas essas infâmias. A minha campanha é a da verdade".

AEROPORTO DE CLÁUDIO

Aécio afirmou não se preocupar com a investigação sobre o aeroporto de Cláudio (MG) construído pelo governo de Minas na sua gestão (2003-2010). "Tem que investigar, que investigue", disse.

O Ministério Público Federal em Minas Gerais abriu apuração para verificar se Aécio cometeu irregularidades ao utilizar recursos públicos para construir um aeroporto numa área desapropriada dentro da fazenda de seu tio-avô. O candidato diz que a obra teve motivação econômica e que o tio-avô contesta a indenização oferecida pelo governo pela área.

O aeródromo, que fica perto de um refúgio de descanso da família de Aécio, custou R$ 14 milhões e foi feito no final do segundo mandato do tucano no governo mineiro. O caso foi revelado pela Folha em julho.

"Não receio o PT. A minha candidatura vai vencer a mentira, vai vencer o PT. Os brasileiros não merecem ser governado pelo medo. O medo daqueles que anunciam o fim dos programas sociais se perderem as eleições e que colocam em dúvida afirmações tão claras como estamos fazendo em relação a empresas públicas", disse.