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    Adversários que trocavam elogios em MS agora acusam um ao outro

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE ENVIADA ESPECIAL A CAMPO GRANDE

    23/10/2014 02h00

    Eles são adversários na disputa pelo governo de Mato Grosso do Sul. Protagonistas de um embate entre PT e PSDB, acusam-se de mentiras, desespero, inexperiência e até corrupção.

    Há poucos meses, porém, ambos se elogiavam, posavam lado a lado de mãos unidas ao alto e diziam construir "um projeto comum".

    Sim, Delcídio Amaral (PT) e Reinaldo Azambuja (PSDB) tentaram formalizar uma improvável aliança entre partidos "arquirrivais". Até maio, os dois congressistas (Delcídio é senador, e Azambuja, deputado federal) lutavam por um acordo. O petista sairia como candidato ao governo, e o tucano, ao Senado.

    Em comum, a ambição de retirar o PMDB do governo, comandado há oito anos por André Puccinelli, a maior força política do Estado.

    Sergio Lima/Folhapress/Divulgação
    Delcidio Amaral (esq.) e Reinaldo Azambuja, que disputam o segundo turno para o governo de MS
    Delcidio Amaral (esq.) e Reinaldo Azambuja, que disputam o segundo turno para o governo de MS

    "Chegou um ponto em que a gente ia aprovar a aliança a qualquer custo. Depois a direção nacional que interviesse", conta um petista que acompanhou o processo.

    Delcídio dizia na época que a união era "natural", pois "representava a mudança".

    O primeiro flerte foi em 2012, na eleição para a Prefeitura de Campo Grande. O maior colégio eleitoral do Estado estava sob o domínio do PMDB havia 20 anos.

    Para enfraquecer o candidato peemedebista, PT e PSDB estimularam o maior número de candidaturas possível (foram sete). No segundo turno, se uniram em torno do mesmo nome, Alcides Bernal (PP) –que foi eleito, mas depois cassado pela Câmara.

    Depois disso, o namoro ficou sério. Delcídio passou a ir a eventos organizados por Azambuja e pelo PSDB. Tratava o tucano como "futuro senador" e exaltava as qualidades do hoje adversário.

    "Se Deus quiser, você será meu companheiro de chapa", dizia o petista. "Vamos trocar muitas figurinhas."

    O tucano retribuía as expectativas. Passeou em feiras agropecuárias ao lado de Delcídio, elogiava o jeito "sem rixas partidárias" de o petista fazer política e posava para fotografias ao seu lado.

    Ambos consultaram as direções nacionais sobre a aliança. Até Aécio, Dilma e Lula foram procurados.

    Todos, porém, barraram o flerte de "Romeu e Julieta".

    Rompidos, os dois ainda divulgaram nota conjunta em maio. Disseram que a união "não era possível no momento", mas que continuariam a "construir um projeto comum", pela "aliança que Mato Grosso do Sul espera".

    A campanha mudou as coisas. Em junho, Azambuja se lançou candidato ao governo, ao ver espaço na desgastada e histórica briga entre PT e PMDB. Cresceu e entrou para o segundo turno a três pontos percentuais de Delcídio.

    O petista abriu munição contra o ex-companheiro. Acusou-o de ser "um homem de duas caras", da elite, ambicioso e despreparado.

    Azambuja, por sua vez, tenta ligar Delcídio às denúncias da Petrobras –o petista foi diretor da estatal. Afirma que ele nunca governou nada, que está desesperado e "quer ganhar no grito".

    "Os ataques nos distanciaram muito. Acho que agora cada um caminha dentro do seu ambiente político", disse o tucano à Folha.

    Para Delcídio, é seu papel "mostrar as contradições" do adversário. "Ele não é o que ele vendia", afirmou.

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    NAS PESQUISAS

    Considerando os votos válidos (descartando brancos, nulos e indecisos)

    51% Reinaldo Azambuja (PSDB)

    49% Delcídio Amaral (PT)

    Fonte: Pesquisa Ibope que ouviu 812 eleitores entre a sexta-feira (17) e o domingo (19) em 32 municípios do Estado. A margem de erro é de três pontos percentuais. A pesquisa está registrada na Justiça Eleitoral sob os números MS-0072/2014 e BR-01135/2014

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