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    Currais dos Barbalho, 'Jaderlândias' do Pará se dividem no 2° turno

    LUCAS REIS
    ENVIADO ESPECIAL A ANANINDEUA

    24/10/2014 12h26

    Na periferia de Ananindeua, segunda maior cidade do Pará, dois bairros chamam a atenção pela situação precária e pelos nomes.

    Jaderlândia e Jardim Jader Barbalho, batizados assim em homenagem ao ex-governador e hoje senador pelo PMDB, enfrentam falta de infraestrutura e saneamento, alagamentos e violência.

    Ananindeua é reduto eleitoral da família Barbalho. Helder (PMDB), filho de Jader, disputa o governo com Simão Jatene (PSDB), que tenta a reeleição. Segundo o Ibope, há empate técnico.

    Helder foi prefeito da cidade por dois mandatos (2005-2012), e cita a experiência como ponto alto no currículo.

    Mas a cidade hoje é governada pelo tucano Manuel Pioneiro, um dos principais cabos eleitorais de Jatene. Nos dois bairros que levam o nome de Jader, a Folha encontrou eleitores divididos. Quem declara voto no peemedebista credita a opção a Jader.

    "Ele [Helder] pisou na bola quando foi prefeito, fez pouco por nós. Mas voto por causa do pai dele", diz a dona de casa Ana Cláudia Alencar, moradora de Jaderlândia.

    O bairro recebeu o nome nos anos 1980 por iniciativa dos próprios moradores, que queriam homenagear Jader pela regularização fundiária da área, que era uma invasão.

    O cenário no bairro de 50 mil pessoas beira o caos: buracos, trânsito confuso e sinalização precária. Casas simples, muitas vezes improvisadas, sofrem com esgoto aberto e inundações.

    A devoção a Jader é mais clara entre moradores mais antigos. "Apesar de [Helder] não ter feito muita coisa, voto por causa do pai. Enquanto for viva, voto nos Barbalho", diz Fátima Lobato, 66.

    Pelas casas e comércios, bandeiras de Helder e de Jatene se dividem praticamente na mesma proporção.

    No primeiro turno, o tucano derrotou o peemedebista em Ananindeua: 57% a 39%, diferença de 36 mil votos.

    MUDANÇA DE NOME

    Um portal com uma guarita vazia recepciona quem chega ao Jardim Jader Barbalho, conjunto criado em 2010 pelo prefeito Helder e que reúne cerca de 300 famílias.

    O cenário é melhor do que na Jaderlândia, mas há mato avançando pela rua e iluminação precária. Nas casas simples do local, a divisão de bandeiras políticas também é equilibrada.

    Presidente da associação de mulheres do bairro, Kátia Wanzele diz que o maior problema da comunidade é a falta de documentação das terras para as famílias do local.

    Na camisa, ela ostenta um adesivo de Helder, e decora sua casa com bandeiras do peemedebista. Mas o maior desejo, conta, é tirar o Barbalho do nome do bairro.

    "O nome diz tudo. Já aconteceu de irmos reclamar na prefeitura, mas quando falamos que moramos no Jader Barbalho nos dão as costas", diz a moradora, que declara voto no filho de Jader. "Tenho esperança de que, como governador, ele nos ajude."

    Os problemas dos bairros refletem questões estruturais da cidade. Segundo pesquisa de 2012 do Instituto Trata Brasil, por exemplo, Ananindeua é a pior cidade, entre os cem maiores municípios do país, em cobertura de rede de água, e a pior na rede de esgoto: 0% coletado.

    De acordo com o Mapa da Violência, com dados de 2012, Ananindeua é a quinta cidade mais violenta do país, e a primeira do Estado. Em 2008, o governo federal destinou cerca de R$ 180 milhões para obras em vários bairros da cidade, entre eles as "Jaderlândias".

    O atual prefeito coloca o atraso na conta de Helder. "O ex-prefeito perdeu tempo hábil e recursos federais. Estamos retomando as obras agora, com uma contrapartida maior da prefeitura", afirmou Manuel Pioneiro.

    Em nota, Helder listou obras de saneamento e infraestrutura iniciadas nos dois bairros, e acusa a gestão atual pelos problemas. "Deixei a obra contratada, com recursos na conta e o contrato vigente. A atual administração é que não priorizou o andamento das obras", disse.

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