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    Movimentos LGBT estão divididos entre Dilma e Aécio no segundo turno

    AGUIRRE TALENTO
    JOÃO CARLOS MAGALHÃES
    DE BRASÍLIA

    24/10/2014 16h40

    Após recuos do governo Dilma Rousseff em relação à comunidade LGBT, o movimento gay está no segundo turno dividido entre a petista e o tucano Aécio Neves.

    O mais notório apoio obtido no segmento pelo senador mineiro foi do fundador do GGB (Grupo Gay da Bahia), Luiz Mott, antropólogo e um dos mais antigos militantes da causa no Brasil.

    Mott já havia dado um troféu de inimigo da causa a Dilma em 2012, justamente pelo veto ao kit anti-homofobia. Também criticou a presidente pelo alto número de LGBTs mortos durante sua gestão. O GGB contabiliza ao menos 1.105 gays assassinados nos últimos quatro anos.

    "Aplaudimos sua participação na Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT, a crítica feita às declarações homofóbicas do [deputado federal] Pastor [Marco] Feliciano na Comissão de Direitos Humanos e o fato de ter recebido em palácio lideranças do movimento LGBT quando governador de Minas Gerais", diz Mott em carta aberta endereçada a Aécio. "Seu histórico como simpatizante e aliado à cidadania LGBT é rico e muito superior aos demais candidatos à Presidência."

    Recentemente, no entanto, Aécio participou de atos de campanha com Feliciano. Para o coordenador do PPS Diversidade, Eliseu Neto, outra liderança LGBT que decidiu apoiar o candidato tucano, esse tipo de aliança faz parte do jogo político num segundo turno acirrado.

    Citando alianças de Dilma com evangélicos, Neto disse que seu voto "é muito anti-Dilma", mas que Aécio "fez vários compromissos" com a agenda do movimento, e tem "uma posição mais neutra".

    Também causou desgaste a Dilma o uso da expressão "opção sexual" no seu programa de governo registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), enquanto o termo aceito pela comunidade LGBT é "orientação sexual".

    CONSERVADOR

    Do outro lado, gays favoráveis a Dilma argumentam que o posicionamento político de Aécio é conservador e representa risco de retrocessos num Congresso que terá número recorde de evangélicos.

    Dentre os avanços da gestão dela citam a implantação do 'Disque 100' para denúncias contra homofobia e a possibilidade de uso do nome social de travestis e transexuais no cartão do SUS (Sistema Único de Saúde) e na prova do Enem.

    O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) já fez uma declaração pública de apoio a Dilma, mas ressalva tratar-se de um voto "crítico" por entender que a gestão avançou menos que o desejado.

    Segundo ele, após o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) ter declarado voto em Dilma, a campanha da petista o procurou para que também fizesse essa declaração pública.

    Jean diz ter obtido da campanha de Dilma o apoio a cinco compromissos: criminalização da homofobia, legalização do casamento civil homossexual, investimentos na prevenção e tratamento de DSTs, educação inclusiva sem discriminação e dar mais atenção aos povos indígenas.

    "Votar em Aécio seria alinhar um presidente conservador a um Congresso que se tornou ainda mais conservador", afirmou o deputado.

    Outra entidade representativa da comunidade, a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) enviou cartas de reivindicações aos dois candidatos pedindo apoio às suas bandeiras.

    Porém o presidente da entidade, Carlos Magno Fonseca, que é mineiro, diz ter uma posição pessoal a favor da candidatura de Dilma.

    "A gestão dele [de Aécio] foi péssima para nós. Existe uma coordenadoria LGBT sem estrutura, não existe uma política voltada para a população, nunca teve uma campanha de prevenção à AIDS para a população LGBT, nunca teve campanha de combate à homofobia no ambiente escolar, o governo não apoia os eventos LGBT do Estado", afirma Fonseca.

    CAMPANHAS

    Procurada, a assessoria de Dilma afirmou que o posicionamento da campanha sobre o tema pode ser encontrado no programa de governo e no site da candidata.

    Num dos textos publicados no site, os petistas afirmam que "os governos de Lula e Dilma estabeleceram, nos últimos 12 anos, uma rede de proteção, defesa e promoção da população LGBT".

    Dentre as propostas, Dilma já afirmou ser a favor da criminalização da homofobia e a favor da união civil entre pessoas do mesmo sexo, como já reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal.

    A campanha de Aécio rebate as críticas à sua gestão e afirma que o "centro de referência GLBTTT foi responsável por uma forte atuação do governo na proteção e enfrentamento de violência física e de discriminação e na orientação a respeito de contrato civil de parceria homoafetiva". Diz também que no mandato de Aécio Neves foi instituído o Dia contra a Homofobia.

    Sobre as propostas, a campanha afirma que foram assumidos sete compromissos: criminalização da homofobia, casamento civil de homossexuais, igualdade para a adoção por casais gays, iniciativas para identidade de gênero, apoio a pesquisas universitárias sobre o tema, estímulo a educação com respeito à diversidade e elaboração do 4º Plano Nacional dos Direitos Humanos.

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