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    Análise: Pingue-pongue de surdos, de costas para os eleitores

    NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO

    25/10/2014 02h00

    Foram dois programas.

    A maior esperança estava nos blocos com perguntas dos eleitores indecisos, no formato de "town hall meeting", encontro de comunidade. Mas nem candidatos e seus marqueteiros nem Globo e o mediador William Bonner sabiam o que fazer com ele.

    A produção não parece ter se preparado para enquadrar adequadamente candidatos e eleitores, transparecendo, por vezes, amadorismo. Na mensagem final de Dilma, que se movimentava de lado a lado, a câmera perseguiu comicamente a candidata.

    O mediador, ao se desculpar pelos cortes constantes das falas dos candidatos, admitiu que eles –de pé para falar com os eleitores– não conseguiam acompanhar os cronômetros mal localizados.

    Mas o problema maior foram os próprios candidatos, diante dos eleitores. Fora Dilma elogiando sem parar –como um robô– cada "boa pergunta" que ouvia, também eles não sabiam como agir. Mais importante, treinados para fazê-lo nas perguntas do adversário, fugiam também de responder aos eleitores.

    E estes, com questões muito mais próximas do cotidiano do que eram ouvidas até então na campanha, algumas até emocionantes, foram um alívio à mesmice, ainda que por poucos minutos. Tentavam puxar o debate para fora da dicotomia roteirizada de PT e PSDB, mas Dilma e Aécio não permitiram.

    Ainda assim, foi possível vislumbrar uma eleição mais próxima da realidade e distante das obsessões marqueteiras, quem sabe, no futuro.

    O outro programa, aquele com os blocos em que só falaram candidatos, repetiu vícios dos debates anteriores.

    Foi um pingue-pongue de surdos, em que Dilma buscava sempre o retorno constante de FHC à conversa, reproduzindo sua propaganda eleitoral. Mas ela estava muito tensa, no início, e depois esgotada, confundindo-se –ainda mais do que antes– nos raciocínios mais simples.

    Aécio também começou tenso e acabou por desperdiçar a sua primeira e mais importante pergunta, gaguejando sobre a "revista hoje". Mais à frente, aprumou-se, mas apenas para recair no sorriso de ironia que tanto o perseguiu no segundo turno.

    De maneira quase invariável, um candidato perguntava sobre um tema, seu oponente respondia sobre outro e assim o programa avançava, aos trancos, sem ritmo, até chegarem todos exauridos à meia-noite e ao fim da triste campanha de 2014.

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