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    TSE censura publicidade de 'Veja' sobre corrupção e concede resposta ao PT

    DE SÃO PAULO

    25/10/2014 22h00

    O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) emitiu, desde ontem, pareceres favoráveis à campanha de Dilma Rousseff (PT) em relação a pedidos feitos contra a revista "Veja". Em um deles, na sexta (24) à noite, censurou a revista, determinando que a publicação não veicule publicidade paga em rádio, TV, outdoor e internet de sua edição desta semana.

    Para o ministro Admar Gonzaga, a publicidade da revista transformou-se em "publicidade eleitoral" em favor de Aécio Neves (PSDB).

    A última edição de "Veja" diz que o doleiro Alberto Youssef afirmou, em sua delação premiada, que a Dilma e o ex-presidente Lula sabiam do esquema de desvios de corrupção na Petrobras. Eles negam, dizem que a publicação não apresentou provas e afirmam que a revista será acionada na Justiça.

    De acordo com o ministro, "ainda que a divulgação da 'Veja' apresente nítidos propósitos comerciais, os contornos de propaganda eleitoral, a meu ver, atraem a incidência da legislação eleitoral, por consubstanciar interferência grave em detrimento de uma das candidaturas", diz Gonzaga.

    Horas mais tarde, Gonzaga concedeu, em sessão extraordinária na noite deste sábado (25), direito de resposta ao PT.

    As decisões são liminares, ou seja, têm efeitos imediatos, mas serão julgada pelo conjunto de ministros.

    Como a próxima sessão do TSE acontecerá somente após as eleições deste domingo (25), a decisão estabelece que a resposta deve ser publicada "de imediato" no site da revista.

    O ministro também determina que o PT use o espaço da revista na próxima semana para prestar esclarecimentos. A "Veja" informou que recorreu da decisão no STF (Superior Tribunal Federal).

    No direito de resposta, a candidatura da petista afirma que a revista tenta "influenciar o processo eleitoral" às vésperas do pleito presidencial com "denúncias vazias, que não encontram qualquer respaldo na realidade".

    Gonzaga foi advogado da presidente durante a campanha de 2010.

    REPÚDIO

    Em nota, o presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Domingos Meirelles, afirmou que as agressões contra a sede da Abril são "condenáveis num regime democrático".

    Para a ABI, "ao estampar a denúncia do doleiro Alberto Youssef, em sua chamada de capa, a revista apenas exerceu o papel de bem informar seus leitores sobre um tema de interesse público".

    Por causa da reportagem, a sede da Editora Abril, que publica a revista "Veja", foi alvo de atos de vandalismo. Na noite da sexta, um grupo de 200 pessoas, segundo a PM, espalhou lixo na entrada da empresa, rasgou exemplares da revista e fez pichações.

    Na calçada, nas paredes e na placa na entrada da Abril foram escritas frases como "'Veja' mente" e "fora 'Veja'". As pichações são assinadas pela UJS (União da Juventude Socialista), organização de militância jovem ligada ao PC do B, que apoia Dilma.

    Ernesto Rodrigues/Folhapress
    Manifestação contra publicação da "Veja" provocou protesto em frente a prédio da Editora Abril
    Manifestação contra publicação da "Veja" provocou protesto em frente a prédio da Editora Abril

    A presidente Dilma e o candidato do PSDB, Aécio Neves, também repudiaram neste sábado os atos na sede da Editora Abril.

    "Isso é barbárie, isso deve ser coibido. [...] Repudio integralmente", afirmou Dilma em entrevista após seu último ato de campanha, em Porto Alegre.

    Apesar de ter criticado o vandalismo, a presidente voltou a criticar o teor da reportagem, chamando-a de "processo golpístico".

    Em entrevista em São João del-Rei (MG), onde encerrou sua campanha à Presidência, Aécio disse que o país assistiu "um atentado à democracia" com as depredações e tentativa de "censura" à revista.

    "Com isso, eles não atacam a revista, atacam a liberdade", encerrou.

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