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    Tucano Reinaldo Azambuja é eleito governador de Mato Grosso do Sul

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    ENVIADA ESPECIAL A CAMPO GRANDE

    26/10/2014 18h47

    Pela primeira vez em 20 anos, nem PMDB nem PT assumirão o governo de Mato Grosso do Sul. Quem venceu as eleições no Estado foi o candidato que pregava a "mudança", o tucano Reinaldo Azambuja.

    Na eleição deste domingo, o deputado federal somou 55% de todos os votos válidos, ante 45% de Delcídio Amaral (PT). Votos brancos foram 1,58% e nulos somaram 2,51% do total. A abstenção alcançou 23,13% entre os eleitores sul-mato-grossenses.

    "Foi uma eleição de baixaria. Mas as pessoas querem uma política diferente", declarou Azambuja após o resultado.

    O tucano também criticou os institutos de pesquisa, que apontavam empate técnico entre os dois até a véspera da eleição. "O Ibope nem deveria mais fazer pesquisa no Mato Grosso do Sul, porque ele perdeu totalmente a credibilidade. Todas as eleições eles mentem flagrantemente."

    Azambuja deve fazer de seu governo uma vitrine do PSDB: sua primeira ação, afirmou, será um mutirão de saúde, no estilo do que fazia o governo de FHC com o então ministro da Saúde José Serra. A expectativa é que ele fortaleça o partido na região Centro-Oeste.

    Proprietário rural, Azambuja chega ao cargo com a promessa de fazer um governo ético e honesto, sua principal bandeira nesta campanha, em que fez forte oposição ao PT desde o primeiro turno.

    Seu adversário era chamado de "Delcídio do PT", e seus programas eleitorais criticavam o modo como "o governo federal do PT" deixou de investir em saúde e segurança nas fronteiras.

    O discurso fez efeito num Estado agropecuarista e com eleitorado conservador, como analisam especialistas e políticos ouvidos pela Folha.

    Mais do que isso, Azambuja resistiu a um bombardeio do adversário, que comparou suas biografias, rememorou denúncias contra o tucano e fez acusações no horário eleitoral que renderam quase duas horas de direito de resposta. O PT chegou a reclamar de parcialidade da Justiça.

    Enquanto Delcídio, senador há doze anos, expansivo e articulado, ia para o ataque, Azambuja, com jeito sério e reservado, rebatia com parcimônia e acusava o adversário de desespero.

    "Ele tem esse jeito manso, de bom moço. Funcionou", diz o analista político Eron Brum, doutor em comunicação e ex-professor da UFMS.

    Para além do discurso, Azambuja também mostrou ser forte politicamente, especialmente com um adversário como Delcídio, um dos mais proeminentes políticos do Estado e com forte atuação no Senado.

    O petista se preparava para ser candidato havia doze anos. Conversara com os principais partidos e tinha milhões de reais em emendas parlamentares obtidas para os municípios.

    O tucano, deputado federal em primeiro mandato, conseguiu articular sua candidatura com uma "caravana política", o Pensando MS, que percorreu todos os 79 municípios durante um ano, colhendo sugestões e conversando com líderes políticos.

    Numa das campanhas mais caras do país, com previsão de gastos de R$ 35 milhões, Azambuja obteve o apoio da maioria dos prefeitos e conseguiu agregar nove partidos ao seu projeto no segundo turno –Delcídio ficou com apenas dois.

    O apoio do poderoso PMDB, porém, quase foi seu calcanhar de Aquiles. O partido que hoje governa o Estado não apoiou o tucano oficialmente, já que parte dele declarou neutralidade, inclusive o atual governador André Puccinelli.

    Mas Azambuja posou para foto e fez discurso ao lado da família Trad, uma das mais tradicionais da política estadual e cujo candidato, Nelsinho Trad, ficou em terceiro lugar na disputa.

    Delcídio partiu para cima. Acusou o tucano de ser "o candidato dos poderosos" e "duas caras", já que falava de mudança e se aliou ao status quo. Não foi suficiente.

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