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    Lula prevê convivência difícil com o Congresso

    DE SÃO PAULO
    DE BRASÍLIA

    27/10/2014 08h21

    Ainda era manhã e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, visivelmente apreensivo, havia acabado de votar em São Bernardo do Campo (SP) quando aos repórteres que o acompanhavam externou o que, confirmada a vitória de Dilma Rousseff, virou oficialmente a preocupação número um dos petistas: reeleita, a presidente precisará de um "aprendizado de convivência" com o Congresso.

    "[A convivência] vai ser agora cada vez mais difícil. Não é fácil montar uma coalizão de 28 partidos. Em vez de de ficar reclamando, temos que pensar em como construir a engenharia da governabilidade no país", disse.

    Alarmado com o acirramento da disputa, que revelou uma clara divisão no país, Lula viajou a Brasília para colaborar na elaboração do discurso de Dilma.

    A cúpula do partido chegou bastante tensa ao dia da disputa. Aliados relataram que as últimas 72 horas foram infernais para Dilma.

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Dilma Rousseff e Lula durante discurso da vitória em hotel próximo ao Palácio da Alvorada, em Brasília
    Dilma Rousseff e Lula durante discurso da vitória em hotel próximo ao Palácio da Alvorada, em Brasília

    Uma fortíssima onda de boatos tomou conta das redes sociais e dos celulares de eleitores Brasil afora. Assustado, na sexta (24) o comitê de reeleição detectou em pesquisas internas movimento de subida de Aécio Neves (PSDB).

    Os ânimos só mudaram com o anúncio oficial do resultado. Mais de 15 ministros do governo receberam a notícia de que Dilma fora reeleita em um hotel de Brasília. Junto a militantes, comemoraram aos gritos de "é tetracampeão", "oê, olê, olá, Dilma, Dilma", e "tucano aceita, Dilma reeleita".

    Nas declarações, surgia um misto de alívio e preocupação com o futuro. "O próximo governo tem a missão de unificar o país que teve uma disputa dura com dois candidatos que representam duas forças políticas muito fortes", disse Aldo Rebelo (Esporte).

    Segundo Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), é um "milagre'' Dilma ter sido reeleita em meio a "golpes''. Ele citou os boatos de que o doleiro Alberto Youssef havia sido envenenado. "É um processo de conspiração permanente."

    O ministro afirmou ainda não acreditar que a presidente enfrentará uma crise política devido aos desdobramentos da Operação Lava Jato. Em depoimento à Polícia Federal, Youssef disse que Lula e Dilma sabiam do esquema de corrupção na Petrobras.

    "Se for esse o nosso problema não há problema para nós. A presidenta jamais soube e compactuou, nem o presidente Lula", afirmou Carvalho.

    Em São Paulo, o presidente do PT no Estado, Emídio de Souza, definiu a reeleição de Dilma como a "vitória da democracia" contra o "golpismo". "Os golpistas nesse caso têm nome e endereço. Chama-se revista Veja'", afirmou o petista a uma plateia de militantes, em referência à reportagem da publicação sobre o depoimento do doleiro.

    Durante a comemoração na avenida Paulista, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou que as urnas deram "vários recados".

    "Para a oposição: não se ganha no tapetão. Mas nós também aprendemos: não podemos deixar que o país seja dividido", disse, de cima de um trio elétrico.

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