Eleito governador de Mato Grosso do Sul neste domingo (26), o deputado federal Reinaldo Azambuja (PSDB) disse à Folha que a presidente Dilma Rousseff deve "estender a mão" à oposição se quiser unir o país.

"O ganhador é que tem que estender a mão", afirmou ele, em entrevista em seu comitê de campanha, nesta segunda-feira (27).

"Se ela quer a união do país, vai ter que estender a mão aos opositores, aos governadores dos partidos de oposição, e mostrar um gesto de que ela vai governar realmente em um modelo diferente, e não só para os companheiros."

A renegociação das dívidas dos Estados, o apoio aos investimentos em segurança pública e o acesso a financiamentos federais estão entre as questões que a União deveria atender em prol dos governadores, afirma o tucano.

Tucano em ascensão no partido, Azambuja foi eleito numa disputa contra o senador petista Delcídio Amaral. Ele fez 55% dos votos, contra 44% do adversário. O presidenciável Aécio Neves (PSDB) também venceu no Estado, com 56% do eleitorado.

Com 51 anos, Azambuja é produtor rural e começou a vida política no PSDB, como prefeito de Maracaju, em 1996. Reeleito, teve boa aprovação e conseguiu um mandato como deputado estadual e depois, federal.

Pouco antes de votar, neste domingo (26), Azambuja declarou que "o PT não é mais um partido, mas uma facção", e que quer "o poder a qualquer custo".

ANTI-PT

Azambuja disse à Folha que "há muito tempo não via um sentimento anti-petista tão forte". "Você sentia isso na rua. Se você falava alguma palavra contra o PT, as pessoas imediatamente se mobilizavam."

Para ele, esse sentimento é mais forte em Mato Grosso do Sul. Ele atribui isso à experiência do governo estadual petista, que teve "problemas de ordem moral e de ineficiência administrativa", segundo ele.

O Estado foi governado por Zeca do PT por dois mandatos, entre 1999 e 2006. Eleito com a bandeira da ética e da nova política, Azambuja promete fazer uma gestão voltada ao combate à corrupção.

Diz que irá transmitir pregões e licitações em tempo real pela internet, divulgar as despesas do Estado em painéis eletrônicos nas principais cidades e criar auditorias em todas as secretarias, além de valorizar e qualificar o servidor público.

Segundo Azambuja, os governadores eleitos do PSDB devem se reunir na próxima semana para discutir "uma pauta comum" que sirva para fundamentar o relacionamento com o governo federal e também a atuação política dos Estados.

Tucano de raiz, ele defende que o PSDB invista em "gestões modernas e eficientes", e que os governadores dialoguem com a direção nacional e com a bancada do partido para construírem uma oposição consistente ao PT. "Como governador, eu pretendo também participar das questões internas do partido", disse.

	Estelita Hass Carazzai/Folhapress
	Reinaldo Azambuja (PSDB), eleito governador de MS, em evento de campanha