A Petrobras pediu à Justiça Federal autorização para ouvir o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa em suas investigações internas sobre desvios nas refinarias Abreu e Lima em Pernambuco e Comperj no Rio de Janeiro.
No questionário submetido ao Judiciário, a Petrobras requer que Costa esclareça o teor de reuniões com o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli e o ex-diretor de Serviços Renato Duque realizadas entre o fim de 2005 e o começo de 2006 sobre o projeto de implantação de Abreu e Lima.
Uma das perguntas destinadas a Costa também indaga sobre sobre a atuação do ex-diretor Internacional da Petrobras Nestor Cerveró na assinatura de um acordo com a estatal de petróleo venezuelana PDVSA relativa à refinaria em Pernambuco.
O pedido de autorização para ouvir Costa é necessário pois ele cumpre prisão domiciliar após fazer delação premiada com o Ministério Público.
A relação de perguntas endereçadas ao ex-diretor da Petrobras sobre Abreu e Lima começa com uma questão relativa a Cerveró e o acordo com a PDVSA.
"Em junho/2005 o Sr. e o Sr. Nestor Cerveró assinaram um Memorando de Entendimento para um projeto conjunto com a PDVSA de exploração na região petrolífera de Orinoco (Venezuela) e para o desenvolvimento de negócios na área de refino (Brasil). Quais eram as questões discutidas à época, relacionadas à implantação do projeto?", indaga a Petrobras no texto a ser respondido por Costa.
Em outras questões, a estatal pede explicações sobre as tratativas com PDVSA e as razões apresentadas pela empresa venezuelana para adiar a entrada no projeto de Abreu e Lima.
Uma das perguntas menciona reuniões de Costa com Gabrielli e Duque sobre a refinaria em Pernambuco.
"Às vésperas da aprovação do projeto de implantação da RNEST [Refinaria de Abreu e Lima], em fins do ano de 2005, e no início de 2006, o Sr. participou de reuniões em Brasília, acompanhado dos Srs. José Sergio Gabrielli e Renato Duque. Quais os assuntos tratados nessas ocasiões, relacionados ao desenvolvimento do projeto de implantação da RNEST?", questiona a estatal.
A Petrobras também pede explicações sobre as revisões do valor da obra de Abreu e Lima, que subiu de US$ 4 bilhões para US$ 13,4 bilhões entre dezembro de 2006 e novembro de 2009, e as ações de Costa relativas às empreiteiras que atuaram nas obras da refinaria.
A estatal ainda indaga sobre qual a justificativa para a liberação de um adiantamento de R$ 200 milhões ao governo de Pernambuco em dezembro de 2010, relativo a tarifas do porto de Suape (PE). À época, o Estado era governado por Eduardo Campos (PSB), que morreu em acidente aéreo em agosto passado.
