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    Senadores eleitos disputam gabinetes em alas de prestígio da Casa

    GABRIELA GUERREIRO
    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    01/11/2014 02h00

    No primeiro round da guerra de egos que dominará o Senado nos próximos anos, dois antigos desafetos estarão mais próximos do que nunca. Ao menos fisicamente.

    José Serra (PSDB) e Marta Suplicy (PT) terão gabinetes lado a lado, em uma das alas mais nobres da Casa.

    O tucano herdou o escritório de Eduardo Suplicy (PT), que perdeu a cadeira na Casa para Serra após 24 anos de mandato. Nos últimos anos, o petista dividiu os corredores da Ala Dinarte Maris com Marta Suplicy.

    Cotada para a deixar o ministério da Cultura devido a desgastes com a presidente Dilma Rousseff, ela deve voltar para o mesmo gabinete.

    Ao contrário da petista, Serra ganhou uma espécie de "regalia" com a ampliação de seu futuro escritório, que terá o tamanho dobrado com a incorporação de uma área lateral. O espaço era ocupado pela liderança do DEM, comandada pelo senador José Agripino (DEM-RN) –realocado em outra área.

    Em 2015, o Senado vai reunir nomes de "peso" da oposição, como os ex-presidenciáveis Serra e Aécio Neves (PSDB-MG), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Antonio Anastasia (PSDB), ex-governador de Minas, Tasso Jereissati (PSDB), ex-governador do Ceará, e Ronaldo Caiado (DEM), deputado de Goiás conhecido por duras críticas ao PT.

    Do lado governista, além de Marta, a Casa terá senadores como a ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT-PR), o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

    A disputa pelos gabinetes começou logo depois do primeiro turno das eleições, quando os novos senadores foram eleitos. Nas últimas três semanas, a Folha apurou que vários negociaram diretamente com aliados a "herança" do espaço e chegaram a pedir a emissários que tratassem de suas demandas com Renan.

    Os novos queriam assegurar um local de prestígio e os antigos aproveitaram para tentar um "upgrade".

    O presidente do Senado então determinou que técnicos preparassem um mapeamento, mas tentando atender as demandas apresentadas. Na Casa, é tradição que os gabinetes mais "nobres", localizados nas áreas centrais, sejam repassados aos políticos com maior tempo na política.

    É o caso de José Sarney (PMDB-AP), que ocupou nos últimos anos o maior gabinete do Senado. Como Sarney não disputou a reeleição, quem vai herdar o "supergabinete" será Kátia Abreu (PMDB-TO), presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

    O gabinete de Sarney fica no Anexo I, o prédio mais alto do Senado, que abriga gabinetes e áreas administrativas. O prédio tem entrada própria e fica próximo ao plenário, o que reduz o assédio nos corredores de lobistas e cidadãos. Nesse local, os gabinetes chegam a ter cerca de 380 m² e as vezes ocupam um andar inteiro.

    Quem também conquistou espaço no Anexo I foi Tasso Jereissati, ex-senador e ex-governador do Ceará, que ocupará o gabinete deixado por Gim Argello (PTB-DF). É nesse anexo que outros senadores com maior tempo na política também mantém seus gabinetes, como Renan, Aécio, Collor e Aloysio.

    O Senado resolveu transferir áreas administrativas para a ala considerada de "terceira classe" na Casa. Até o nome do local provoca discussões entre os congressistas, por ser batizada em homenagem a Filinto Muller –ex-senador que foi chefe de polícia durante o Estado Novo de Getúlio Vargas.

    Além da homenagem a Muller, o local fica escondido atrás da Biblioteca da Casa, muito distante do plenário. Seis senadores ocupam atualmente a ala, mas nenhum terá gabinetes no local a partir do ano que vem.

    Outros senadores novatos como Romário (PSB-RJ) e Reguffe (PDT-DF) serão alojados na Ala Afonso Arinos, não muito distante do plenário, que já abriga senadores como Romero Jucá (PMDB-RR).

    Editoria de Arte/Folhapress

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