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    Preteridos na eleição, aliados ameaçam rebelião contra PT

    GABRIELA GUERREIRO
    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    03/11/2014 02h00

    Eles são aliados da presidente Dilma Rousseff, pertencem a partidos da base de apoio do governo federal no Congresso, mas não digeriram o comportamento do PT e do Palácio do Planalto nas eleições deste ano.

    Um grupo de congressistas, a maioria do PMDB, forma um "exército" de magoados com o governo, com potencial para dificultar a vida da petista no início de seu segundo mandato no Planalto.

    Os deputados e senadores não admitem oficialmente a irritação, mas nos bastidores disparam contra Dilma e o ex-presidente Lula.

    A principal crítica é o que chamam de "traição petista" diante das alianças com os seus principais adversários nas eleições estaduais, das quais saíram derrotados.

    Yasuyoshi Chiba/AFP
    Dilma faz campanha para Luiz Fernando Pezão (PMDB), reeleito governador do Rio
    Dilma faz campanha para Luiz Fernando Pezão (PMDB), reeleito governador do Rio

    Descontentes, reforçam a ameaça de rebelião para pressionar o governo a dialogar mais e ampliar o espaço de suas legendas na mudança ministerial.

    Outra demanda é a ampliação de verbas do Orçamento para seus redutos políticos.

    É o caso de Eunício Oliveira (CE), líder do PMDB no Senado, que não engoliu o apoio de Dilma ao candidato que acabou vencedor ao governo do Ceará, Camilo Santana (PT). A irritação começou quando o Palácio do Planalto patrocinou a candidatura do petista por ser aliado do governador Cid Gomes (Pros), desafeto de Eunício.

    Por meses, o Planalto pressionou o peemedebista a sair do páreo, mas Eunício foi em frente e se aliou ao PSDB no Estado, que elegeu Tasso Jereissati (PSDB-CE) ao Senado.

    Eunício, porém, sustenta que se manteve fiel ao apoio a Dilma, sem declarar voto em Aécio Neves (PSDB), adversário da presidente. "O governo vai ter que dialogar mais. Não tem como sair sem atrito de um processo político complexo", afirmou.

    MUITOS PALANQUES

    O excesso de aliados também irritou o petista Lindbergh Farias, que dividiu o apoio da presidente Dilma com os adversários Marcelo Crivella (PRB), Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Anthony Garotinho (PR) na disputa pelo Palácio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro.

    Antes do início da campanha, o PT tentou forçar um recuo de Lindbergh, mas o petista manteve o seu nome e acabou em quarto lugar no primeiro turno.

    O grupo de insatisfeitos também inclui o senador Lobão Filho (PMDB), derrotado ao governo do Maranhão. Como os petistas são aliados do PC do B de Flávio Dino –que derrotou o peemedebista e foi eleito governador–, Lobão Filho atribui parte de sua derrota à falta de empenho da presidente.

    "Essas mágoas existem. Todos têm as suas. A presidente não gravou para mim, não veio aqui. Faz parte do jogo, eu pessoalmente não fiquei magoado com ela. Mas é preciso que o governo dê valor ao seu Congresso para que ela possa governar", afirmou.

    Alguns aliados deram o tom do comportamento dos "magoados" já na primeira semana de atividade do Congresso depois das eleições, como o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

    Sob seu comando, os deputados derrubaram o decreto presidencial que vinculava decisões governamentais de interesse social à opinião de conselhos e outras formas de participação popular.

    Derrotado na disputa pelo governo do Rio Grande do Norte, Alves disse que já "deletou" o apoio que o ex-presidente Lula deu a seu adversário, mas não esconde de interlocutores a insatisfação.

    O PMDB também lançou Eduardo Cunha (RJ), desafeto do PT, como candidato para comandar a Câmara dos Deputados. A ala mais rebelde da sigla não descarta, no Senado, lançar como candidato à Presidência da Casa um nome menos alinhado com o Planalto –embora nos bastidores o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) trabalhe por sua reeleição.

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    O EXÉRCITO DE MAGOADOS

    Governo vai enfrentar um grupo de aliados que se sentiram abandonados pelo PT durante a campanha eleitoral

    • Lindbergh Farias (PT) Derrotado na disputa do Rio, dividiu o apoio de Dilma com Marcelo Crivella (PRB), Anthony Garotinho (PR) e Luiz Fernando Pezão (PMDB), que saiu vitorioso? | Foto: Sergio Lima - 21.mar.12/Folhapress

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    • Eunício Oliveira (PMDB) Seu adversário na corrida pelo governo do Ceará foi o petista Camilo Santana, indicado pelo atual governador Cid Gomes (Pros). Eunício é líder do PMDB no Senado | Foto: Pedro Ladeira - 10.mar.2014/Folhapress

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    • Henrique Alves (PMDB) O presidente da Câmara atribui sua derrota na disputa pelo governo do Rio Grande do Norte a um vídeo gravado por Lula em defesa do seu adversário, Robinson Faria (PSD) | Foto: Alan Marques - 15.jul.2014/Folhapress

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    • Lobão Filho (PMDB) Dilma apoiou o candidato do PMDB ao governo do Maranhão, mas a presidente teve o apoio de Flavio Dino (PC do B), que derrotou o peemedebista e o clã Sarney no Estado | Foto: 30.jan.2008/Divulgação

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    • Vital do Rêgo (PMDB) Dilma e Lula apoiaram o nome do senador ao governo da Paraíba, mas Vital não teve respaldo do PT estadual e nacional. foi derrotado ainda no primeiro turno | Foto: Sergio Lima - 22.mai.2012/Folhapress

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