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    Baixa de reservatório faz parte de cidade submersa reaparecer

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    ENVIADO ESPECIAL A PERNAMBUCO

    09/11/2014 02h00

    No meio do rio São Francisco, uma igreja desponta no horizonte parcialmente submersa. Ao redor, galhos das algarobas e mangueiras são um obstáculo para os barcos, assim como a caixa d'água do que um dia foi uma escola.

    Com um volume útil de só 15% no reservatório de Itaparica, a antiga Petrolândia começa a reaparecer. A cidade do sertão pernambucano foi engolida em 1989 para construção de uma represa.

    Há menos de um ano, só o telhado da antiga igreja do Sagrado Coração de Jesus ficava à mostra. Agora é possível vê-la quase inteira.

    O cenário é resultado do baixo nível do rio, atingido pela pior seca em décadas. Somente em Minas Gerais, onde a principal nascente do rio na Serra da Canastra secou, 85 cidades decretaram situação de emergência.

    Moradores dizem ainda que os testes da transposição do rio São Francisco influenciaram, mas o governo nega.

    Os reservatórios de Sobradinho, Itaparica e Xingó, que alimentam o Nordeste, têm volume útil abaixo de 20%.

    AÇÃO DO HOMEM

    Presidente do Comitê de Bacia do Rio São Francisco, Arivaldo Miranda diz que a falta de chuva, associada à ação do homem, que causa erosão e assoreamento, comprometem o futuro do rio.

    "O governo prometeu investir igualmente na revitalização cada centavo aplicado na transposição. Mas isso nunca aconteceu. O cuidado com o rio não está sendo devidamente levado a sério", afirma Miranda.

    "É preciso agir rápido. Se não chover em Minas Gerais, não sei o que vai ser. Não vai demorar para conseguirmos ver o chão da igreja que estava submersa", diz o pescador, Reginaldo Campos, 50, de Petrolândia.

    Na zona rural da velha cidade submersa, a igreja era ponto de encontro para cerimônias como a Procissão do Rio e a Missa dos Pescadores. Hoje, é uma espécie de régua para medir o futuro do abastecimento de 40 milhões nordestinos.

    Editoria de arte/Folhapress

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