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    Lava Jato

    Advogados dizem que prisões de executivos não têm justificativa

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    14/11/2014 12h26

    Questionadas sobre a prisão de executivos e irregularidades investigadas pela Operação Lava Jato, empresas envolvidas afirmaram estar à disposição da Justiça para esclarecimento, mas criticaram as prisões preventivas.

    A Camargo Corrêa disse em nota que "repudia as ações coercitivas". A empresa afirma que seus executivos "desde o início se colocaram à disposição das autoridades".

    O advogado de João Auler, presidente do conselho da Camargo Corrêa, disse que a prisão de seu cliente foi estranha, pois o executivo havia se comprometido a cooperar com a PF. O advogado Celso Vilardi afirma que procurou a Justiça Federal do Paraná e conversou com o juiz Sergio Moro. Mesmo após a prisão, Vilardi diz que a Camargo Correa mantém sua disposição de colaborar com a Justiça.

    O vice-presidente da empresa, Eduardo Leite, teve prisão decretada. Seu advogado, Antonio Claudio Mariz de Oliveira, disse que "era mais fácil advogar na época da ditadura do que agora. Na época eu conseguia ter acesso ao processo, o que não acontece agora." Segundo Mariz, seu cliente nunca foi depor e nem é investigado oficialmente.

    Alberto Toron, advogado que defende Ricardo Pessoa, presidente da UTC/Constran, disse que a prisão do executivo foi feita sem que ele soubesse quais são as razões.

    "Só veio o mandado de prisão, sem estar acompanhado da decisão judicial que a justifica. Isso é um cerceamento do direito de defesa", diz Toron.

    A advogado diz que os executivos da UTC estão à disposição da Justiça há cerca de um mês. "A prisão parece ter-se tornado um modo de constranger e obter delação. É um processo kafkiano, que não faz o menor sentido em um Estado democrático."

    O advogado Fábio Tofic Simantob, que defende Gerson Almada, vice-presidente da Engevix, disse que a prisão preventiva do executivo não atende os fundamentos legais. "Meu cliente não tentou fugir nem obstruir a Justiça".

    A Engevix e seus consórcios depositaram R$ 6,9 milhões em contas de empresas fantasmas de Alberto Youssef. Segundo Simantob, eram pagamentos por consultoria.
    "Estão querendo constranger os executivos com a prisão para que eles confessem."

    A Queiroz Galvão disse em nota que não adota nenhuma prática ilegal e que está à disposição das autoridades: "A Queiroz Galvão reitera que todas as suas atividades e contratos seguem rigorosamente a legislação em vigor e está à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos necessários".

    Foram presos Othon Zanoide de Moraes Filho, diretor de uma empresa do grupo, e Ildefonso Colares Filho, ex-diretor-presidente que deixou a construtora em 2012.

    A OAS também declarou que está colaborando. "Foram prestados todos os esclarecimentos solicitados e [foi] dado acesso às informações e documentos requeridos pela Polícia Federal." O presidente da empresa, José Aldemário Pinheiro Filho, e outros quatro funcionários foram detidos.

    A Galvão Engenharia, que teve um funcionário preso, disse que está "à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos".

    Marcelo Leonardo, advogado que representa executivos da Mendes Júnior, negou as acusações contra a empresa.

    O vice-presidente da companhia, Sérgio Cunha Mendes, se entregou ontem à noite à Polícia Federal em Curitiba.

    A Odebrecht afirmou, em nota, que auxiliou a PF no cumprimento de mandados de busca e apreensão em seu escritório, no Rio. A empreiteira disse que está "à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos."

    O advogado Mario de Oliveira Filho, que representa os diretores da IESA Óleo e Gás, Otto Garrido Sparenberg e Valdir Lima Carreiro, disse que seus clientes cooperavam com as investigações e tiveram pedido de prisão expedido sem provas. "Porque [prender]? Vai dificultar a investigação? Dificultar o quê, se nós cooperamos?", disse.

    Mario de Oliveira Filho também defende Fernando Antônio Falcão Soares. A PF não conseguiu localizá-lo. "O que posso dizer é que estou em contato direto com ele", disse.

    Os advogados Jayme Alves de Oliveira Filho e Carlos Alberto da Costa Silva, também presos, não foram encontrados. Oliveira é ligado a Alberto Youssef e Costa Silva trabalha para empreiteiras.

    Com reportagem de RAQUEL LANDIM, de São Paulo, e LUCAS VETTORAZZO, do Rio

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