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    Lava Jato

    Petrobras virou maior cliente de empreiteiras

    DAVID FRIEDLANDER
    JULIO WIZIACK
    DE SÃO PAULO

    15/11/2014 02h00

    Os investimentos bilionários da Petrobras, a partir do governo Lula, transformaram a estatal no cliente mais cobiçado pelas grandes empreiteiras apanhadas pela Polícia Federal na Operação Lava Jato.

    O interesse dessas empresas, antes focado em estradas, pontes e hidrelétricas, foi transferido para a Petrobras, que é dona de um orçamento gigantesco e paga em dia –o que nem sempre acontece com os governos estaduais e até ministérios.

    Segundo a PF, as sete empresas que foram alvo das buscas e prisões nesta sexta têm juntas contratos que somam R$ 59 bilhões. A Petrobras é hoje o cliente mais importante para Odebrecht, Camargo Corrêa, OAS, UTC, Queiroz Galvão, Galvão Engenharia, Engevix, Mendes Júnior e Iesa.

    A Folha perguntou a todas essas empresas qual o peso dos contratos com a Petrobras em suas receitas. Nenhuma quis dar informações.

    As grandes empreiteiras foram atraídas para a estatal pela política de investimento dos governos do PT, que priorizaram a autossuficiência em petróleo e a exploração do pré-sal como cartão de apresentação de Lula e Dilma.

    Quando Lula assumiu, em 2003, a estatal investia US$ 7,4 bilhões por ano. No ano passado, chegou a US$ 50 bilhões. Entre 2014 e 2018, a estatal planeja desembolsar mais US$ 154 bilhões.

    Com o ritmo acelerado de investimentos da estatal, as empreiteiras passaram a buscar contratos para tudo: construção de refinarias, dutos, plataformas e sondas para exploração de petróleo.

    Montaram estaleiros, como o EAS (Atlântico Sul), sociedade da Camargo, Queiroz Galvão e investidores japoneses, para produzir navios cargueiros para a Petrobras.

    Segundo as investigações, as grandes construtoras se associaram aos diretores da estatal e passaram a dar as cartas lá dentro. Executivos de empresas menores disseram a mesma coisa à Folha.

    De acordo com eles, a Petrobras escolhia seus parceiros por meio de convite e chamava sempre os mesmos. Teria sido assim nas obras da refinaria Abreu e Lima e no Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).

    A primeira, em Pernambuco, começou com orçamento de US$ 2,5 bilhões e vai custar cerca de US$ 20 bilhões. A do Rio foi lançada com orçamento de US$ 8,4 bilhões e já está em US$ 36 bilhões.

    DOAÇÕES

    Os empreiteiros da Lava Jato estão entre os maiores financiadores de políticos do país. Na campanha deste ano, doaram pelo menos R$ 207 milhões, segundo informaram à Justiça eleitoral. Teriam dado dinheiro por fora também. Segundo a PF, parte dos recursos desviados da Petrobras financiaram campanhas eleitorais.

    Caso as suspeitas da PF se confirmem, as empresas envolvidas no esquema podem ser declaradas inidôneas, o que as impediria de fazer negócios com o setor público.

    Além de atrapalhar os projetos da Petrobras, colocariam em risco também obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), já que quase todas as empreiteiras pegas na Lava Jato prestam serviços no programa.

    Editoria de Arte/Folhapress

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