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    Lava Jato

    Lava Jato não é 'terceiro turno eleitoral', diz ministro da Justiça

    JULIO WIZIACK
    WALTER PORTO
    DE SÃO PAULO

    15/11/2014 12h10

    O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, respondeu duramente neste sábado (15) o que chamou de "politização" das investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

    "Refiro à tentativa de se politizar as investigações para fazer delas um prolongamento de palanques eleitorais. Já houve o resultado das eleições. A investigação não é terceiro turno eleitoral", afirmou Cardozo durante entrevista coletiva em São Paulo sobre a operação da PF.

    "O país está sendo conduzido dentro da lei, e as investigações prosseguirão. Doa a quem doer. O governo não aceitará intimidações nem acusações indevidas. O Brasil é um estado de Direito com instituições fortes e com um governo que combate à corrupção", concluiu.

    O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), rebateu Cardozo: "Não se deve ficar bravo com oposição mas se indignar com os fatos", disse no velório do ex-ministro Adib Jatene

    Nesta sexta-feira (14), na crítica mais dura ao governo petista, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que estava "envergonhado, como brasileiro, de falar sobre o que está acontecendo na Petrobras". O ex-presidente disse o dever da oposição é, "em primeiro lugar, preservar a democracia e a liberdade". "Aceitando derrotas e estando sempre dispostos a defender a democracia e a lei", concluiu.

    Já o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que disputou e perdeu as eleições presidenciais este ano, afirmou que "muita gente está sem dormir em Brasília", e que as novas prisões da Lava Jato levam o escândalo para cada vez mais perto de dentro do governo da presidente Dilma Rousseff.

    "Não importa se os investigados são ligados ao governo ou à oposição ou se têm poder econômico. Se desviaram dinheiro público sentirão o peso da lei. Não tentamos esconder a sujeira para debaixo do tapete", afirmou Cardozo.

    O ministro também afirmou que a presidente Dilma Rousseff já sabe da operação da PF e pediu para "investigar tudo o que há de irregular" e que "tudo seja esclarecido". Dilma participa neste sábado (15) da reunião do G20 em Brisbane (Austrália). Ela ainda não comentou publicamente sobre as prisões.

    Em seu discurso durante abertura da reunião com chefes de Estado dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a presidente disse que houve pouco avança neste ano para conter a crise econômica mundial. "Os países avançados não conseguiram uma recuperação consistente e o comércio internacional não cresce o suficiente para estimular os países emergentes", afirmou.

    A PF (Polícia Federal) prendeu na sexta-feira (14) 21 executivos, entre eles três presidentes de empreiteiras e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque. Vinte presos foram transferidos para a carceragem da Superintendência Regional da PF em Curitiba na madrugada deste sábado e começaram a ser ouvidos pela manhã.

    Apenas um dos detidos, o vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, ainda está preso em São Paulo e deve ir para a capital do Paraná nesta tarde.

    Advogados dos suspeitos vão tentar obter a soltura dos clientes por meio de pedidos de habeas corpus ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região.

    O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que o caso não deve abalar Graça Foster, presidente da Petrobras, pois "pelo que se sabe ela não tem envolvimento". A frase foi dita durante o velório de Jatene.

    Aloysio Nunes senador pelo PSDB que disputou as eleições como vice na chapa presidencial de Aécio Neves, disse que a Petrobras é "o maior escândalo de corrupção de toda a historia da República". Ele também estava presente no velório. "Esse governo jogou a reputação da Petrobras numa camada mais funda que o próprio pré-sal", criticou.

    SINDICÂNCIA

    Na quinta-feira (13), Cardozo determinou que a Polícia Federal abrisse uma sindicância para investigar delegados envolvidos na Lava Jato que teriam atacado o PT e elogiado Aécio.

    Os policiais teriam usado redes sociais durante a campanha eleitoral neste ano para elogiar o candidato tucano e atacar o ex-presidente Lula e Dilma, que disputava a reeleição.

    "Isso é necessário para que se ateste a lisura da investigação. Para que depois provas não sejam anuladas e o resultado seja comprometido", disse. "Isso não é tentar influenciar as investigações, é preciso garantir que paixões pessoais não atrapalhem o a operação".

    Em nota, o PSDB chamou a iniciativa de "injustificada" e disse que a iniciativa "não contribui para o livre encaminhamento das investigações". O partido diz ainda que os investigados apenas exerceram o direito constitucional de manifestação política em suas redes sociais privadas.

    INVESTIGAÇÃO

    Os executivos presos nesta fase da operação Lava Jato são suspeitos de participação no esquema de corrupção que teria desviado recursos da Petrobras para o PT e outros partidos que apoiam o governo no Congresso.

    É a primeira vez que os executivos dessas empresas são levados à cadeia. As prisões ampliam a pressão sobre as empresas num momento em que seus advogados começavam a discutir com o Ministério Público Federal a possibilidade de colaborar com as investigações e pagar indenizações bilionárias em troca da redução das punições previstas para seus funcionários.

    As nove empresas atingidas pela operação têm R$ 59 bilhões em contratos com a Petrobras, segundo a polícia. A Justiça mandou bloquear R$ 720 milhões em recursos nas contas dos executivos.

    Editoria de Arte/Folhapress

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