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    Lava Jato

    Delator disse que lobista do PMDB intermediava contratos junto a Cerveró

    AGUIRRE TALENTO
    GABRIEL MASCARENHAS
    SEVERINO MOTTA
    DE BRASÍLIA

    15/11/2014 20h59

    O executivo da empresa Toyo Setal Julio Camargo afirmou em sua delação premiada que o lobista Fernando Soares, apontado como operador do PMDB na Petrobras, recebeu uma comissão de US$ 40 milhões para intermediar dois contratos junto ao ex-diretor da área internacional da estatal Nestor Cerveró.

    Para o Ministério Público Federal, a comissão paga a Fernando era "propina" e "ao que tudo indica" parte do valor foi repassada à diretoria de Cerveró.

    Segundo Camargo, o lobista, conhecido como Fernando Baiano, mantinha um "compromisso de confiança" com Cerveró.

    O ex-diretor ganhou os holofotes neste ano por ter recomendado ao conselho da Petrobras a compra da refinaria de Pasadena (EUA) em 2006, que deu prejuízo de ao menos US$ 530 milhões à estatal.

    Fernando Baiano teve sua prisão temporária decretada na sexta (14), em nova fase da Operação Lava Jato, que investiga fraudes em licitações na Petrobras e pagamento de propinas a agentes políticos. Até o fechamento desta edição ele estava foragido.

    O executivo Julio Camargo diz ter intermediado contratos de vendas de sondas da empresa Samsung para a Petrobras e relatou ter pedido a ajuda de Fernando Baiano, por ele ter um "bom trânsito" junto a Cerveró e à diretoria de Abastecimento, à época dirigida por Paulo Roberto Costa, que também firmou delação premiada com o Ministério Público.

    Além dos 40 milhões de dólares a Fernando Baiano, o delator Camargo e outro executivo da Toyo Setal, Augusto Ribeiro, relataram pagamentos de propina que somaram cerca de R$ 100 milhões ao ex-diretor de Serviços Renato Duque e a seu gerente Pedro Barusco.

    No caso dos pagamentos a Fernando Baiano, Camargo detalhou que foram feitos a bancos indicados por Baiano no exterior por meio de uma conta que o delator possuía no Uruguai.

    Questionado se alguma dessas contas era utilizada por Cerveró, Camargo afirmou que "pode ser", mas que iria confirmar essa informação após ter acesso aos extratos de movimentação bancária no Uruguai.
    O advogado de Fernando Baiano, Mário de Oliveira Filho, disse que não poderia se manifestar sobre as acusações da delação por não ter tido acesso aos documentos.

    Ele defendeu que Fernando não se entregue à Polícia Federal por enquanto. "Minha sugestão é: vamos aguardar o habeas corpus. Essa é a minha posição, mas vou respeitar meu cliente. Essa é uma decisão personalíssima e ele está decidindo".

    Já o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, afirmou ontem (15) que não conseguiria contato com o ex-diretor porque ele estava viajando, mas que ele nunca recebeu pagamentos para fechar contratos da estatal. "Ele sempre cumpriu estritamente as regras estatutárias", disse.

    A Folha não conseguiu contato com a Samsung.

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