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    Dilma fica no muro na questão da Ucrânia

    CLÓVIS ROSSI
    ENVIADO ESPECIAL A BRISBANE

    16/11/2014 05h05

    A presidente Dilma Rousseff admitiu ontem que o governo brasileiro "nunca" definiu uma posição sobre a crise na Ucrânia, país do qual a Rússia tomou a península da Crimeia, primeiro, e depois estimulou o separatismo das províncias de Donetsk e Lugansk, nas quais há combates permanentes com forças ucranianas.

    "Não é de nosso interesse tomar posição nem de um lado nem de outro", justificou.

    A omissão brasileira causa estranheza em chancelarias ocidentais, empenhadas em punir a Rússia pelo que consideram clara violação das fronteiras estabelecidas na Europa.

    A Rússia, por sua vez, não chega a pedir solidariedade ao Brasil, pois contenta-se com a neutralidade.

    Ao ser expressamente assumida a neutralidade pela presidente, é um ponto para a Rússia.

    Dilma negou-se a aceitar como verdadeira a versão do Ocidente de que a derrubada de um avião da Malaysia Airlines, com 298 mortos, foi provocada por um míssil disparado pelos rebeldes apoiados pelos russos.

    "Ninguém sabe direito" [quem derrubou o avião], disse Dilma, em entrevista coletiva concedida neste domingo, 16, pouco antes do almoço que encerrou os trabalhos da cúpula do G20 em Brisbane (Austrália).

    O caso da Ucrânia levou ao isolamento do presidente russo, Vladimir Putin, na cúpula.

    Ele chegou a ser confrontado diretamente pelo primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, com o qual travou o seguinte diálogo, relatado pelo porta-voz de Harper, Jason MacDonald: Harper, quando Putin lhe estendeu a mão: "Eu vou apertar a sua mão, mas só tenho uma coisa para lhe dizer: Caia fora da Ucrânia".

    Putin retrucou: "Isso é impossível porque não estamos lá".

    Apesar das evidências, Dilma negou que, no âmbito do G20, tenha havido alguma cobrança a Putin. Pode não ter havido nas plenárias, mas nas entrevistas coletivas e em encontros casuais, como o de Harper, foi tudo o que não faltou.

    Já sobre o encontro informal entre ela e Barack Obama, na véspera, a presidente informou que "não houve uma discussão substantiva" sobre a remarcação da visita dela a Washington, suspensa por causa da espionagem norte-americana sobre ela e sobre empresas brasileiras.

    Mas admitiu que há "tratativas" entre as duas chancelarias para que a visita seja feita em breve.

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