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    Lava Jato

    Executivo admite propina e acusa Costa e Youssef de prática de extorsão

    FLÁVIO FERREIRA
    ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

    18/11/2014 02h00 Erramos: o texto foi alterado

    O diretor de Óleo e Gás da construtora Galvão Engenharia, Erton Medeiros Fonseca, afirmou à Polícia Federal que aceitou pagar propina ao esquema do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef após ser extorquido pelos dois.

    Em depoimento na tarde desta segunda (17) em Curitiba, ele disse que o destino do dinheiro foi o PP, o Partido Progressista.

    De acordo com Fonseca, o pagamento foi realizado após ameaças feitas por Costa e Youssef. Eles teriam afirmado que, se não fossem atendidos, a empresa seria prejudicada pela Petrobras nos contratos em andamento.

    Antes disso, Fonseca já havia sido procurado, em meados de 2010, pelo então deputado José Janene (PP-PR), que comandava à época o esquema de propinas destinado ao PP, segundo o depoente.

    Com a morte de Janene, em setembro de 2010, Costa e Youssef assumiram a dianteira das negociações.

    Acompanhado de seu advogado, o criminalista José Luis de Oliveira Lima, Fonseca disse estar disposto a fazer uma acareação com Costa e Youssef.

    O doleiro e o ex-diretor fizeram acordo de delação premiada com o Ministério Público e confessaram serem operadores de um esquema de corrupção na Petrobras.

    No depoimento desta segunda, o executivo negou que a Galvão tenha formado cartel com outras empresas ou que tenha pago propina para ganhar licitações.

    Segundo ele, a propina só foi paga para que não fossem prejudicados os contratos já em execução. A principal ameaça era a de que poderiam ser suspensos os pagamentos devidos pela estatal por obras já concluídas.

    O diretor da Galvão é um dos 23 executivos presos na Superintendência Regional da PF no Paraná. Eles são alvos da sétima fase da Operação Lava Jato, batizada de Juízo Final, que apura supostos crimes cometidos por executivos de firmas que tinham contratos com a estatal.

    Fonseca é um dos seis suspeitos em regime de prisão preventiva. Outros 17 estão detidos sob prisão temporária, com duração de cinco dias. A maioria dos prazos das detenções expira nesta terça (18).

    Pelo menos 15 executivos já foram ouvidos por quatro delegados em Curitiba desde sábado. Os relatos variaram de uma hora e 20 minutos a quatro horas e meia.

    O depoimento mais longo foi o do ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, que, segundo seu advogado, Renato de Morais, negou qualquer participação nos esquemas de corrupção.

    "O que existe são fragmentos de delação premiada. Não conhecemos o conteúdo dessas delações. Não tem acusação. O que teria é um depoimento judicial do Paulo Roberto Costa", disse o advogado. "Ele [Duque] nega isso, isso nunca aconteceu. Não sei em que condições ele [Costa] prestou esse depoimento. É um disse que disse, um ouviu dizer e isso não tem valor legal", acrescentou.

    A previsão da PF é concluir a fase de depoimentos ainda nesta terça.

    OUTRO LADO

    O defensor de Youssef, Antonio Augusto Figueiredo Basto, afirmou que ainda não teve acesso ao depoimento de Fonseca e que não iria se manifestar. O advogado de Costa não foi localizado até a publicação desta reportagem.

    O presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, não retornou as ligações. O secretário-geral nacional do PP, Aldo da Rosa, disse estar no posto há apenas um ano e que não tem informações sobre o assunto.

    Editoria de Arte/Folhapress

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    OS PRESOS

    Dalton dos Santos Avancini, diretor-presidente da Camargo Correa –será solto nesta quarta-feira (19)

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    Eduardo Hermelino Leite, vice-presidente da Camargo Corrêa –prisão preventiva (30 dias, renováveis pelo mesmo período)

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    João Ricardo Auler, presidente do Conselho de Administração da Camargo Correa –será solto nesta quarta-feira (19)

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    Gerson de Mello Almada, vice-presidente da Engevix –prisão preventiva (30 dias, renováveis pelo mesmo período)

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    Carlos Eduardo Strauch Alberto, diretor técnico da Engevix –será solto nesta terça-feira (18)

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    Newton Prado Junior, diretor técnico da Engevix –será solto nesta terça-feira (18)

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    Valdir Lima Carreiro, diretor-presidente da Iesa –será solto nesta terça-feira (18)

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    Otto Garrido Sparenberg, diretor de operações da Iesa –será solto nesta terça-feira (18)

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    Sergio Cunha Mendes, vice-presidente-executivo da Mendes Junior –prisão preventiva (30 dias, renováveis pelo mesmo período). Ele optou por se entregar em seu jatinho

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    Erton Medeiros Fonseca, diretor-presidente da divisão de engenharia da Galvão Engenharia –prisão preventiva (30 dias, renováveis pelo mesmo período)

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    Othon Zanoide de Moraes Filho, diretor da Vital Engenharia, empresa do grupo Queiroz Galvão –será solto nesta terça-feira (18)

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    Ildefonso Colares Filho, diretor da Queiroz Galvão até 2012 –será solto nesta terça-feira (18)

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    Ricardo Ribeiro Pessoa, presidente da UTC –será solto nesta terça-feira (18)

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    Walmir Pinheiro Santana, diretor-financeiro da UTC –será solto nesta terça-feira (18)

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    Ednaldo Alves da Silva, fazia transporte de recursos para a UTC –será solto nesta terça-feira (18)

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    Agenor Franklin Magalhaes Medeiros, diretor-presidente da área internacional de petróleo e gás da OAS –prisão preventiva (30 dias, renováveis pelo mesmo período)

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    José Aldemário Pinheiro Filho, presidente da OAS –será solto nesta terça-feira (18)

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    Mateus Coutinho de Sã Oliveira, vice-presidente da OAS –será solto nesta terça-feira (18)

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    José Ricardo Nogueira Breghirolli, funcionário da OAS –prisão preventiva (30 dias, renováveis pelo mesmo período)

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    Alexandre Portela Barbosa, advogado da OAS –será solto nesta terça-feira (18)

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    Renato Duque, ex-diretor da Petrobras –será solto nesta terça-feira (18)

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    Jayme Alves de Oliveira Filho, ligado a empresas de Alberto Youssef –será solto nesta terça-feira (18)

    *

    Carlos Alberto da Costa e Silva, advogado que atua para empreiteiras –será solto nesta terça-feira (18)

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    OS FORAGIDOS

    Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte

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    Fernando Soares, lobista, conheciro como Fernando Baiano, suspeito de ser o elo entre PMDB e esquema de corrupção na Petrobras

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