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    Lava Jato

    Agora delator, gerente foi contra parar obras suspeitas na Petrobras

    RUBENS VALENTE
    GABRIEL MASCARENHAS
    DE BRASÍLIA

    18/11/2014 02h00

    Ex-gerente de engenharia da Petrobras que fez um acordo de delação premiada para devolver US$ 97 milhões depositados no exterior, Pedro José Barusco Filho defendeu no passado a continuidade de obras tocadas pela Petrobras com indícios de irregularidades graves detectados pelo TCU (Tribunal de Contas da União).

    Barusco, conforme o Ministério Público, já teve US$ 20 milhões bloqueados na Suíça e, segundo delatores da Operação Lava Jato, cobrava propina sobre contratos de obras da petroleira.

    Em 2007, ao falar para congressistas da Comissão Mista de Orçamento, Barusco afirmou que a paralisação de obras sob suspeita implicaria prejuízos "para a sociedade".

    Divulgação
    Pedro Barusco, ex-gerente de engenharia da Petrobras
    Pedro Barusco, ex-gerente de engenharia da Petrobras

    Uma das obras questionadas era a construção da Unidade de Propeno da Refinaria Presidente Vargas, do Paraná. Trata-se de um dos oito empreendimentos em torno dos quais, segundo executivos da Toyo Setal disseram em delação premiada, foram pagos subornos a Barusco e seu superior, o ex-diretor de Serviços Renato Duque.

    A comissão estava reunida para avaliar relatório do TCU sobre 231 obras com problemas mais sérios. Dos R$ 23,9 bilhões fiscalizados, R$ 17 bilhões estavam relacionados a contratos na área de petróleo, sob responsabilidade da Petrobras.

    Nascido em 1956, o engenheiro naval Barusco entrou na Petrobras em 1980. Exerceu o cargo de gerente de engenharia naval na área de Exploração e Produção em 2001, durante o governo FHC. Em 2003, quando Renato Duque, indicado pelo PT, assumiu a diretoria de serviços, Barusco foi seu gerente-executivo.

    No cargo, ele dava entrevistas sobre planos da estatal. Em 2006, foi procurado para comentar a promessa do presidente Lula de aumentar a presença de firmas brasileiras em obras da Petrobras. Identificado como gerente interino de Serviços, afirmou: "Se fixarmos um conteúdo [nacional] na capacidade máxima da indústria, pode gerar problema sério de competitividade. É como se fosse uma reserva de mercado".

    Em 2008, disse que a crise dos mercados obrigaria uma revisão do planejamento estratégico da Petrobras.

    Foi Barusco quem anunciou à Folha um plano de construção de plataformas para preparar a Petrobras para o processo de exploração de petróleo no campo de Tupi, em Santos."Vamos começar pelos cascos [das plataformas]. Serão cascos novos, produzidos em série, para ganharmos na escala". Segundo ele, a primeira encomenda seria expressiva, de cinco a dez plataformas.

    Após sair da Petrobras, em 2010, Barusco passou a atuar na Sete Brasil, empresa dona de sondas de perfuração em águas profundas. Entre os seus acionistas estão a Petrobras, fundos de pensão e bancos privados. Barusco foi diretor de operações da Sete Brasil até agosto de 2013.

    Ocupou ainda uma cadeira no Conselho de Administração do mesmo grupo de maio de 2011 a agosto de 2013, quando deixou a empresa.

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