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    Lava Jato

    Mendes Júnior admite pagamento de propina de R$ 8 milhões a Youssef

    FABIANO MAISONNAVE
    ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
    GUILHERME VOITCH
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM CURITIBA

    18/11/2014 18h14

    O vice-presidente executivo da Mendes Júnior, Sérgio Cunha Mendes, afirmou nesta terça-feira (18) à Polícia Federal que pagou R$ 8 milhões ao doleiro Alberto Youssef entre julho e setembro de 2011. O motivo seria evitar represálias em contrato da empreiteira com a Petrobras.

    As informações foram dadas pelo seu advogado Marcelo Leonardo, que acompanhou o depoimento na PF em Curitiba. A jornalistas, afirmou que Youssef foi apresentado à empresa pelo deputado federal José Janene (PP-PR), morto em 2010. Ele disse que seu cliente não sabia para onde foi o dinheiro, depositado em contas de empresas do doleiro.

    Em entrevista, a defesa disse que seu cliente foi extorquido pelo doleiro e por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras: "Ele informou [à PF] que conhecia Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef e que foi pressionado por eles a fazer um pagamento sob pena dos contratos antigos e futuros da empresa não terem andamento. Em razão dessa extorsão, eles fizeram um único pagamento para as empresas de Youssef."

    Adi Leite - 3.set.2012/Valor
    Sergio Cunha Mendes, vice-presidente executivo da Mendes Júnior
    Sergio Cunha Mendes, vice-presidente executivo da Mendes Júnior

    "A empresa que não fizesse pagamento não receberia a fatura a que teria direito legitimamente", disse Leonardo, que defendeu Marcos Valério durante o Mensalão.

    Segundo a advogado, a extorsão era ligada a um contrato da Mendes Júnior com a Petrobras para obras na refinaria Presidente Vargas (Repar), em Araucária, na região metropolitana de Curitiba.

    Na segunda-feira, o diretor de óleo e gás da construtora Galvão Engenharia, Erton Medeiros Fonseca, deu versão semelhante à da Mendes Júnior. Segundo ele, a empresa aceitou pagar propina ao esquema de Youssef após ter sido ameaçada de represália em contratos com a Petrobras.

    OUTRO LADO

    O advogado de Youssef, Antônio Figueiredo Basto, disse desconhecer o teor do depoimento de Mendes e não comentou o suposto pagamento de propina.

    Ele manifestou preocupação com a saúde doleiro. "O cárcere dificulta a alimentação correta e mesmo a movimentação. A PF tem se esforçado, mas me parece que é um risco à saúde." Ele quer que seu cliente seja avaliado por um médico particular.

    No final de outubro, Youssef foi internado por problemas no coração.

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    Editoria de Arte/Folhapress

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