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    Lava Jato

    Citado, diretor da Petrobras deve deixar o cargo

    ANDRÉIA SADI
    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA
    MARINA DIAS
    DE SÃO PAULO

    19/11/2014 02h00

    Citado em delação premiada na Operação Lava Jato, o atual diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, deve deixar o cargo.

    Ministros ouvidos pela Folha afirmam que sua saída se tornou inevitável'' após o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef o colocarem na lista de suspeitos de terem recebido "comissões".

    Avalia-se que o caso envolvendo Cosenza é o mais grave da gestão Dilma Rousseff, pois rompe o "cordão sanitário'' das denúncias. Até então, os principais episódios do caso tratavam do período anterior ao de Graça Foster na presidência da Petrobras.

    Com a citação a Cosenza, revelada na segunda (17), governistas avaliam que a Polícia Federal busca "provar'' que o esquema continuou após 2012, quando Sérgio Gabrielli, indicado por Lula e inicialmente mantido por Dilma, deixou o comando da estatal.

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Dilma Rousseff chega de helicóptero ao Palácio da Alvorada, após voltar de viagem oficial à Brisbane, Austrália
    Dilma Rousseff chega de helicóptero ao Palácio da Alvorada, após voltar de viagem oficial à Brisbane, Austrália

    Auxiliares da petista temem que o escândalo possa respingar no governo, que tentava se blindar circunscrevendo os problemas aos indicados da gestão Lula.

    No governo do ex-presidente, Costa foi indicado para a diretoria de Abastecimento. Em 2012, com a saída de Costa, Graça Foster nomeou Cosenza para a vaga.

    A foto de Cosenza ao lado de Graça nesta segunda, mesmo dia da revelação da citação, repercutiu mal. Eles participavam de uma conferência para divulgar os dados operacionais da empresa.

    Ricardo Borges - 17.nov.14/Folhapress
    Diretores da Petrobras José Carlos Cosenza e Almir Barbassa e a presidente da estatal, Graça Foster, concedem uma entrevista no Rio
    Diretores da Petrobras José Carlos Cosenza e Almir Barbassa e a presidente da estatal, Graça Foster

    WAGNER

    Na avaliação de Lula, a reforma ministerial do novo governo Dilma deve passar imediatamente pela substituição de Graça Foster na presidência da Petrobras. Seria uma tentativa de evitar que o escândalo se instale de vez no Palácio do Planalto.

    Um dos nomes defendidos pelo ex-presidente para assumir a chefia da empresa é o do ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT). Nesta segunda-feira, os dois conversaram reservadamente no Instituto Lula, em São Paulo.

    Segundo a Folha apurou, Lula está incomodado com a falta de estratégia de defesa da Petrobras. Ele acredita que, no momento em que as investigações da Operação Lava Jato estão mais acirradas em direção ao PT, Graça não tem mais condições políticas de defender a empresa nem de retomar seu protagonismo econômico.

    Nomeada presidente da Petrobras em fevereiro de 2012, após administração de Gabrielli (que estava à frente da estatal desde 2005), Graça é de confiança de Dilma.

    Dirigentes do PT avaliam que a crise na maior empresa brasileira, com influência no quadro econômico do país, somada à paralisia do Legislativo, acabou por frear o governo nos últimos meses do primeiro mandato de Dilma. E agora temem um aumento dessa paralisia caso a presidente adie ainda mais a composição de sua nova Esplanada dos Ministérios.

    Os ministros nomeados pela presidente serão fundamentais para o diálogo com a base aliada no Congresso, caminho para a eleição de um presidente da Câmara com o aval do Palácio do Planalto.

    As nomeações para a Esplanada, dizem os petistas, servirão como sinalização de estabilidade para o governo.

    Apesar de Lula e aliados defenderem a ida de Jaques Wagner para o comando da estatal, Dilma tem outros planos para o ex-governador, de quem é amiga próxima. Um ministério palaciano é uma de suas apostas. Wagner, por sua vez, gostaria de assumir a pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, segundo a Folha apurou.

    Aliados afirmam que Lula e Dilma devem se encontrar na próxima semana, em Brasília, para discutir o novo governo e a crise na Petrobras.

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