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    Lava Jato

    PF diz que errou ao citar nome de diretor da Petrobras em depoimentos

    AGUIRRE TALENTO
    RUBENS VALENTE
    SEVERINO MOTTA
    DE BRASÍLIA
    BRUNO BOGHOSSIAN
    DO PAINEL, EM BRASÍLIA

    19/11/2014 15h49

    A Polícia Federal informou nesta quarta-feira (19) que o nome do atual diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, apareceu em depoimentos dos presos da Operação Lava Jato por "erro material"

    Segundo a polícia, não há no processo "qualquer elemento que evidencie a participação do atual diretor no esquema de distribuição de vantagens ilícitas".

    O texto do ofício, porém, não nega diretamente que o ex-diretor Paulo Roberto Costa ou que o doleiro Alberto Youssef tenham citado Cosenza em depoimentos e que possam estar anexados a outros processos judiciais.

    O ofício afirma que não há informações "nos autos", mas não explicita se uma citação possa ter ocorrido em outros processos ou inquéritos que correm paralelos ao procedimento que levou à prisão executivos de grandes empreiteiras na última sexta (14).

    Em pelo menos cinco depoimentos de executivos, a PF fez perguntas nas quais afirmou que o ex-diretor Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef haviam dito que Cosenza estava entre os beneficiários de "comissões".

    Ao funcionário da OAS Construtora, José Ricardo Nogueira Breghirolli, por exemplo, a PF indagou: "Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef mencionaram a existência de pagamento de comissões pelas empreiteiras que mantinham contratos com a Petrobras, tendo como beneficiários além deles próprios, os direitores Duque, Cerveró e Cosenza, bem como alguns agentes públicos".

    A mesma pergunta, com ligeiras variações, foi feita a outros quatro investigados.

    Em ofício ao juiz na data de hoje (19), o delegado da PF responsável pela operação, Márcio Adriano Anselmo, afirmou: "Em relação ao quesito que figurou em alguns interrogatórios, por erro material, constou o nome de Cosenza em relação a eventuais beneficiários de vantagens ilícitas no âmbito da Petrobras".

    "Em relação ao outro quesito em que se questiona se os investigados conhecem o mesmo, foi formulado apenas em razão do mesmo ter sucedido a Paulo Roberto Costa, área em que foram identificados os pagamentos, bem como por ter sido seu Gerente Executivo", prossegue.

    No final do ofício, o delegado Anselmo argumentou que a menção de pagamentos após a saída de Costa refere-se a pagamentos realizados pelas empreiteiras para as empresas de fachada de Youssef e a formalização de contratos fictícios com Paulo Roberto Costa.

    A resposta da PF foi dada após um questionamento do juiz Moro, que intimou a polícia "para esclarecer se, de fato, há alguma prova concreta nesse sentido, uma vez que até o momento este juízo não foi informado de nada". Ele referia-se à presença de elementos que tratassem de Cosenza no inquérito.

    A suposta citação levou à possibilidade de demissão de Consenza da estatal.

    Ministros ouvidos pela Folha afirmaram que sua saída havia se tornado "inevitável'' após Costa e Youssef o colocarem na lista de suspeitos.

    Cosenza é uma peça que, caso implicada na história, pode contaminar a gestão Dilma Rousseff com a corrupção na estatal. Até então, os principais episódios do caso tratavam do período anterior ao de Graça Foster na presidência da Petrobras.

    Governistas avaliam que a Polícia Federal busca "provar'' que o esquema continuou após 2012, quando Sérgio Gabrielli, indicado por Lula e inicialmente mantido por Dilma, deixou o comando da Petrobras.

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