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    Lava Jato

    Graça Foster mantém rotina e tenta recuperar confiança de investidores

    PEDRO SOARES
    DO RIO

    26/11/2014 02h00

    Com o avanço das investigações sobre corrupção na Petrobras alimentando dúvidas sobre sua capacidade de continuar no cargo, a presidente da estatal, Graça Foster tem se esforçado para combater as especulações ao seu redor.

    Colaboradores próximos dizem que ela não pensa em pedir demissão e só pretende sair da Petrobras no dia em que a presidente Dilma Rousseff pedir –o que, segundo eles, ainda não ocorreu e não parece ser o desejo de Dilma, uma das melhores amigas de Graça.

    Funcionários da estatal repetem dois argumentos favoráveis à sua manutenção no cargo. Eles afirmam que em breve Graça terá bons resultados para apresentar como gestora, com aumento da produção e redução de custos.

    Alan Marques - 30.abr.2014/Folhapress
    A presidente da Petrobras Graça Foster fala na Comissão de Minas e Energia
    A presidente da Petrobras Graça Foster fala na Comissão de Minas e Energia

    Além disso, eles lembram que nenhum dos envolvidos nas investigações em curso mencionou Graça como participante do esquema de corrupção cuja existência foi revelada pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

    Graça, 61 anos, não tem mostrado abatimento ou falta de motivação, dizem seus interlocutores. Mas tem expressado tristeza e insatisfação com a situação da estatal.

    Há duas semanas, no fim de semana que se seguiu à prisão do ex-diretor da estatal Renato Duque, Graça foi parar no hospital queixando-se de dores nas costas e no estômago. Os dois foram colegas de diretoria quando o presidente da Petrobras era José Sérgio Gabrielli (2005-2012).

    Apesar dos problemas de saúde, que parecem estar sob controle, a presidente da estatal não mudou a rotina. Como fazia antes do escândalo, chega para trabalhar às 7h30 e fica em geral até as 22h.

    Sua prioridade, segundo funcionários, é cumprir metas financeiras e de produção estabelecidas e evitar que atrasos na instalação de plataformas ou outros problemas atrasem a entrada de recursos no caixa da empresa.

    Graça quer dar sinais positivos para o mercado, numa tentativa de conter a desvalorização das ações da estatal. Os investidores já expressavam desconfiança em relação ao desempenho da empresa antes do escândalo de corrupção, mas as investigações fizeram a má vontade crescer.

    As investigações levaram a Petrobras a adiar a divulgação de seu balanço e provavelmente obrigarão a empresa a reconhecer perdas com os desvios de recursos apontados pela Polícia Federal.

    Graça teme que isso faça secar a oferta de crédito privado para a companhia, e por isso quer se prevenir aumentando sua capacidade de geração de receita própria.

    Para este ano, a Petrobras não precisa captar mais recursos no exterior, mas há o receio de que novas revelações e o aprofundamento das investigações prejudiquem o acesso ao mercado externo.

    Outro foco de preocupação é a possibilidade de rebaixamento da empresa e do país pelas agências internacionais de classificação de risco, o que tornaria mais caros os financiamentos para a estatal.

    Alguns nomes de possíveis sucessores para Graça tem circulado há semanas. Na visão de funcionários graduados da companhia, a pior opção seria o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT).

    Um alto funcionário da estatal disse à Folha que um político é tudo que a empresa não precisa ter agora. Pior ainda se for alguém ligado a Gabrielli, o antecessor de Graça na presidência da empresa, também baiano.

    Foi sob a gestão Gabrielli que ocorreram os desvios revelados pela Lava Jato. Hoje ele é secretário de Planejamento de Wagner na Bahia.

    Mario Kanno/Editoria de Arte/Folhapress

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    Mario Kanno/Editoria de Arte/Folhapress

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