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    Lava Jato

    Procuradoria busca provas contra empreiteira na Suíça

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    27/11/2014 02h00

    Três procuradores da Operação Lava Jato estão na Suíça desde terça-feira (25) atrás de contas que foram usadas, de acordo com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, para a Odebrecht pagar a ele um suborno de US$ 23 milhões (R$ 56,6 milhões), segundo a Folha apurou.

    A principal suspeita dos procuradores é que a empreiteira tenha usado uma estrutura complexa para fazer o suposto repasse, com vários intermediários, para dificultar o rastreamento e a origem dos recursos.

    A empreiteira nega com veemência ter pago suborno ao ex-diretor para obter contratos com a estatal.

    Nesta quarta (25), a Justiça da Suíça aceitou o pedido dos procuradores brasileiros para acelerar a devolução de US$ 26 milhões (R$ 65,2 milhões) que o ex-diretor da Petrobras tem naquele país.

    É o maior valor a ser devolvido nas história dos casos de corrupção com cooperação internacional.

    A aceleração do repatriamento dos recursos que Costa escondia na Suíça é o motivo oficial da viagem.

    Autoridades suíças haviam se comprometido a devolver os recursos obtidos ilegalmente, de acordo com o próprio Costa, desde que ele não recebesse nada do montante.

    Em 26 de maio, os procuradores suíços informaram, por meio de um documento oficial, que haviam bloqueado US$ 23 milhões de Costa e US$ 5 milhões que estavam em conta controlada pelo doleiro Alberto Youssef.

    Os US$ 3 milhões a mais em relação ao montante informado inicialmente apontam que foram encontrados outros valores após maio.

    A devolução de um total de cerca de R$ 70 milhões foi acertada no acordo de delação premiada. Costa aceitou dizer o que sabe sobre desvios na Petrobras e devolver os recursos em troca de benefícios. Ele foi solto e cumpre prisão domiciliar no Rio.

    O ex-diretor fez a acusação à empreiteira em acordo de delação premiada que firmou com procuradores e a Polícia Federal, conforme a Folha revelou em outubro.

    A Odebrecht tem, em consórcio com a OAS, o terceiro maior contrato para a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, no valor de R$ 1,48 bilhão.

    Costa afirmou no acordo de delação que os contratos eram superfaturados para que os valores a mais fossem distribuídos a funcionários da Petrobras e partidos, como PT, PMDB e PP.

    O Tribunal de Contas da União já apontou que contratos da refinaria foram superfaturados em valores que podem chegar a R$ 446 milhões.

    OUTRO LADO

    A Odebrecht nega "ter feito pagamento para diretores, ex-diretores da Petrobras ou qualquer agente público para obter contratos" na estatal.

    A empresa diz ter vencido legalmente as concorrências e afirma repudiar "afirmações baseadas em vazamento ilegal de informações".

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