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    Lava Jato

    Empresa citada na Lava Jato anuncia que deixará o Brasil

    DIMMI AMORA
    DE BRASÍLIA

    28/11/2014 02h00

    A empresa Skanska, gigante sueca do setor de obras, anunciou que vai deixar o Brasil, onde tem operações desde a década de 1990.

    A decisão está sendo anunciada após o nome da companhia aparecer nas investigações da Operação Lava Jato que investiga corrupção na Petrobras.

    A companhia sueca foi fundada em 1887 e fatura US$ 21 bilhões/ano (R$ 55 bilhões) com presença em 15 países. Tem 57 mil empregados no mundo, sendo 4,7 mil no Brasil, onde fazia principalmente dutos para a Petrobras e termelétricas.

    Somente em contratos que estão sob a investigação da Justiça na Operação Lava Jato, a Skanska recebeu da estatal brasileira R$ 4 bilhões em consórcio com outras companhias.

    Em resposta a questionamentos da Folha, o porta-voz da companhia na Suécia, Edvard Lind, disse que a matriz havia feito investigações sobre a filial brasileira e que nada de irregular foi encontrado.

    Segundo a resposta, a matriz nunca soube de casos de corrupção, não concorda com eles e continua investigando o que ocorreu.

    Em entrevista à Swedish Broadcasting, rádio oficial do país, o diretor para América Latina da empresa admitiu que vai sair dos seus negócios no Brasil em parte por causa do caso de corrupção na Petrobras e também pela queda da atividade na região.

    À Folha, o porta-voz informou que a decisão de sair do país e de outros países da América Latina foi tomada antes da divulgação da investigação e não deu detalhes de como a empresa vai se desfazer de seus ativos.
    Ainda em 2006, foram apontados pelo TCU (Tribunal de Contas da União) indícios de sobrepreço numa obra de R$ 428 milhões da Skanska para a construção do Gasoduto Urucu-Manaus.

    Mas o processo não andou no TCU porque a Petrobras conseguiu uma liminar no STF (Supremo Tribunal Federal) paralisando as apurações desse contrato. A Petrobras também retirou dos cargos de comando da obra servidores que denunciavam o preço excessivo cobrado pelas construtoras.

    Na operação Lava Jato, em 2014, o Ministério Público constatou que houve pagamento de propina com recursos do gasoduto. Delatores do esquema afirmam que a Contrutora Camargo Correia (que fazia consórcio com a Skanska no gasoduto) repassou R$ 3 milhões aos funcionários da Petrobras Renato Duque e Pedro Barusco.

    Uma obra na Reduc (RJ), o projeto Cabiúnas III, também é citado como uma das obras em que houve pagamento de propina. Nesse caso a empresa sueca liderava o consórcio responsável pela construção. A obra foi anunciada em 2012 por R$ 1,3 bilhão.

    As investigações também apontaram para pagamento de propina em obras da Repar (PR) em que a empresa sueca participava de consórcios que somavam R$ 2 bilhões. Alguns desses contratos chegaram a ter 18 aditivos, segundo relatórios da Polícia Federal.

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