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    Irmãos de ministro da Agricultura se entregam à Polícia Federal em Cuiabá

    HELSON FRANÇA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM CUIABÁ (MT)

    28/11/2014 13h14

    Os irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller, se entregaram à Polícia Federal, em Cuiabá na noite desta quinta-feira (27). Eles são suspeitos de participação num esquema de venda ilegal de áreas de reforma agrária em Mato Grosso.

    Segundo a PF, os produtores rurais Odair e Milton Geller se apresentaram às 22h e já fizeram exame de corpo de delito. Eles estão presos no centro de custódia de Cuiabá.

    Durante a tarde de quinta, policiais federais estiveram nas residências de Odair, em Lucas do Rio Verde (MT), e Milton, em Nova Mutum (MT), mas não os encontraram.

    O advogado Edy Piccini, que defende os dois irmãos, afirma que ambos são inocentes.

    Na Operação Terra Prometida, deflagrada nesta quinta, a PF expediu 227 mandados judiciais: 52 de prisão preventiva, 146 de busca e apreensão, além de 29 medidas proibitivas. Desses, 40 mandados de prisão foram executados.

    Um dos detidos nesta quinta é o ex-prefeito de Lucas do Rio Verde, Marino Franz (PSDB). Milton Geller também foi prefeito de Tapurah (MT), pelo PSD.

    De acordo com a Polícia Federal, os irmãos Geller ocuparam 15 lotes de um assentamento destinado a reforma agrária em Itanhangá (MT), por meio de fraudes envolvendo outros familiares e servidores do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Membros do sindicato rural de Itanhangá.

    A ação dos policiais foi feita em Mato Grosso (nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Nova Mutum, Diamantino, Lucas do Rio Verde, Itanhangá, Ipiranga do Norte, Sorriso, Tapurah e Campo Verde), Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

    FRAUDES

    Segundo a PF, a quadrilha atuava para conseguir, de forma fraudulenta, títulos de cerca de mil terras destinadas à reforma agrária. O prejuízo aos cofres públicos pode alcançar R$ 1 bilhão.

    A polícia afirmou que fazendeiros e empresários pressionavam e ameaçavam os assentados a vender os lotes por preços muito abaixo do mercado. Em muitos casos, os ocupantes eram retirados das terras à força.

    Depois da desocupação, os documentos eram falsificados e "regularizados" com ajuda de funcionários do Incra de Mato Grosso.

    A quadrilha também usava laranjas, que se tornavam beneficiários dessas terras. Segundo a PF, em um dos 15 lotes que indiretamente pertenciam a Odair e Milton, o laranja identificado como proprietário nunca havia morado no local.

    De acordo com cálculos da PF, cada um dos lotes envolvidos no esquema é avaliado em cerca de R$ 100 mil.

    OUTRO LADO

    Conforme Piccini, Odair e Milton nunca possuíram terras no Projeto de Assentamento. "O Odair possui terras particulares em Feliz Natal (MT), faz mais de dez anos. Em relação ao Milton, ele não tem propriedade alguma em assentamento nenhum. Há um grande mal entendido ou motivação, política ou pessoal, por trás dessa história."

    O advogado disse ainda que os irmãos se apresentaram à Polícia Federal por orientação do ministro Neri Geller.

    Piccini deve entrar com um pedido de relaxamento da prisão de Odair e Milton logo após eles serem ouvidos pelo delegado Hércules Ferreira, que conduz as investigações da Operação.

    O ministro da Agricultura afirmou em nota oficial "não acreditar" na participação de seus dois irmãos em irregularidades. Neri Geller disse ainda que não foi arrolado na operação.

    O presidente do Incra, Carlos Guedes, afirmou na quinta-feira que os servidores da instituição suspeitos de participação no esquema seriam afastados.

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