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    Lava Jato

    Oposição diz que propina repassada ao PT coloca governo Dilma 'sob suspeita'

    GABRIELA GUERREIRO
    DE BRASÍLIA

    03/12/2014 19h14

    Líderes da oposição afirmaram nesta quarta (3) que a permanência da presidente Dilma Rousseff no comando do país está sob "suspeita" depois que um dos executivos presos na Operação Lava Jato declarou que parte do dinheiro do esquema de corrupção na Petrobras foi repassada em doações oficiais ao Partido dos Trabalhadores.

    Derrotado por Dilma na disputa pela Presidência em outubro, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que o governo federal se tornará "ilegítimo" se as denúncias reveladas pelo executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Toyo Setal, forem comprovadas pela Justiça.

    "Se comprovadas essas denúncias, é algo extremamente grave. Estamos frente de um governo ilegítimo. Temos que garantir que isso seja comprovado porque essa é a denúncia mais grave que surgiu até aqui", afirmou.

    A oposição evitou falar em impeachment de Dilma, mas Aécio reafirmou que os recursos que abasteceram a campanha da petista foram fruto de uma "organização criminosa" instalada na Petrobras.

    "Essa organização criminosa que, segundo a Polícia Federal, se instalou no seio da Petrobras participou da campanha eleitoral contra nós", afirmou.

    Líder do PSDB, o deputado Antônio Imbassahy (BA) disse que Dilma tinha conhecimento de pelo menos parte do esquema de corrupção na Petrobras, por ter sido ministra de Minas e Energia e chefe da Casa Civil no governo Lula.

    "Não dá para acreditar que ela não sabia de nada. Pode ser dar crédito a ela que não sabia de tudo. Mas que não sabia de nada, nenhum brasileiro que tem o mínimo de discernimento vai acreditar nisso", afirmou o tucano.

    Segundo Imbassahy, Dilma tem sua legitimidade no governo "compromissada" em razão das novas denúncias reveladas pelo empresário. "Isso pode ter consequências com uma série de situações desagradáveis no país", disse.

    DELAÇÃO

    No acordo de delação premiada firmado com a Justiça, o executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Toyo Setal, afirmou que parte da propina paga para o ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras Renato Duque eram "doações oficiais ao Partido dos Trabalhadores". Outras formas foram "parcelas em dinheiro" e "remessas em contas indicadas no exterior".

    Ele estimou em "aproximadamente R$ 4 milhões" o total pago em doações ao PT entre os anos de 2008 e 2011 por orientação pessoal de Duque.

    Mendonça Neto afirmou que as empresas responsáveis pelas doações foram a Setec Tecnologia, a PEM Engenharia e a SOG Óleo e Gás.

    A Folha localizou na prestação de contas enviada pelo Diretório Nacional do PT à Justiça Eleitoral em 2010 um valor total de R$ 2,1 milhões em nome das três empresas. A PEM doou R$ 500 mil, a Setec, o mesmo valor, e a SOG, 1,04 milhão entre abril e junho de 2010, às vésperas da campanha eleitoral. Uma outra parcela de R$ 60 mil foi paga pela SOG em 12 de julho, já durante a campanha.

    Procurado pela Folha, o Planalto diz que "doações de campanha são da alçada do Partido dos Trabalhadores''.

    Em nota, a secretaria de Finanças do PT diz que só recebe doações de acordo com a legislação eleitoral vigente: "No caso específico, o próprio depoente reconhece em seu depoimento que foi orientado pela secretaria de Finanças do PT a efetuar as doações na conta bancária do partido".

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