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    Lava Jato

    Executivos admitem participação no pagamento de R$ 152 mi de propina

    FABIANO MAISONNAVE
    ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA
    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    03/12/2014 19h32

    Em depoimentos sob delação premiada, os diretores da empreiteira da Toyo Setal Julio Camargo e Augusto Ribeiro de Mendonça Neto admitiram participação no pagamento de pelo menos R$ 152 milhões de propinas vinculadas a contratos com a Petrobras.

    Os principais beneficiários teriam sido o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, e os ex-funcionários da Petrobras Renato Duque, indicado ao cargo pelo ex-ministro José Dirceu, e Pedro Barusco.

    Cerca de R$ 4 milhões foram doações eleitorais ao PT, pagas por orientação de Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal, segundo Mendonça Neto.

    Os depoimentos foram divulgados pela Justiça Federal nesta quarta (3), após pedido da defesa de empreiteiros presos na Operação Lava Jato.

    Os pagamentos teriam ocorrido entre 2005 e 2012. A maior propina, relatada por Camargo, foi destinada a Baiano, preso pela PF e suposto braço do PMDB na estatal, segundo a investigação.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Baiano teria cobrado US$ 40 milhões (R$ 102 milhões, em valores atuais) para viabilizar a venda de duas sondas da Samsung à Petrobras. Camargo atuou como um corretor da Samsung, recebendo uma comissão de US$ 53 milhões. Foi daí que saiu o dinheiro para a propina.

    Os valores foram depositados em contas de Baiano no exterior, por meio de uma das empresas de consultoria de Camargo. Ele diz que os executivos da Samsung não sabiam que o dinheiro iria para o lobista.

    Em seguida estão as propinas à dupla formada por Duque, então diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras, e Barusco, seu gerente-executivo de Serviços. Na soma de valores mencionados por Mendonça Neto, o montante entregue aos dois está entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões.

    Camargo foi mais específico na forma como o esquema funcionava. Nos contratos da construtora Camargo Corrêa, ele explicou que a sua função era "viabilizar os compromissos na área de engenharia, isto é, efetivar os pagamentos das propinas exigidas".

    O valor do pagamento a Duque e Barusco era incluído no pagamento que a empreiteira lhe pagava como consultor.

    Da comissão de R$ 48 milhões que recebeu por um contrato de obras com a refinaria Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, Camargo teria repassado R$ 12 milhões aos ex-funcionários da estatal. O dinheiro, afirmou, foi enviado ao exterior com ajuda do doleiro Alberto Youssef, também delator da Operação Lava Jato.

    Camargo mencionou outras duas obras em que houve pagamento de propinas, mas não detalhou os valores: a construção da unidade de hidrogênio do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), em 2012, e as obras de modernização da Revap (Refinaria Henrique Laje), em 2007.

    Nesses casos, as propinas seriam destinadas a Duque, Barusco e ex-diretor de Abastecimento do Paraná Paulo Roberto Costa.

    A Folha tentou entrar em contato a defesa do vice-presidente da Camargo Corrêa Eduardo Leite, preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, mas não houve resposta.

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