• Poder

    Friday, 03-May-2024 14:21:30 -03

    Lava Jato

    Operação tenta atingir Dilma e Lula, dizem governistas

    ANDRÉIA SADI
    DE BRASÍLIA

    04/12/2014 01h13

    Integrantes do Palácio do Planalto e do PT avaliam as revelações da delação premiada de Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Toyo Setal, como parte de um "roteiro'' dos investigadores da Operação Lava Jato para envolver Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no escândalo da Petrobras.

    Na avaliação de um ministro, a afirmação de Mendonça Neto de que propina no esquema foi paga "em doações oficiais ao PT" reforça o temor de que a próxima linha de investigação da operação seja as contas de campanha de Dilma em 2010.

    A preocupação de petistas é que o próximo alvo seja João Vaccari Neto, tesoureiro do PT desde 2010, citado como operador'' de desvios na estatal pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa. Vaccari nega.

    Marlene Bergamo/Folhapress
    Dilma em evento com catadores de materiais recicláveis e moradores de rua, em São Paulo
    Dilma em evento com catadores de materiais recicláveis e moradores de rua, em São Paulo

    O Palácio do Planalto informou por meio da assessoria de imprensa que "doações de campanha são da alçada do Partido dos Trabalhadores''.

    Em nota, a secretaria de Finanças do PT disse que só recebe doações de acordo com a legislação eleitoral e que os recibos foram declarados na prestação de contas.

    Nos bastidores, o governo argumenta que, como as doações citadas pelo delator foram feitas ao PT, e não diretamente à campanha de Dilma, não há como comprovar que ela tenha sido beneficiada. Em 2010, a campanha da presidente recebeu R$ 21,2 milhões do diretório do PT.

    O depoimento do executivo foi liberado pelo juiz Sergio Moro a pedido da defesa. Para assessores palacianos, Moro agilizou a liberação em reação'' à decisão do ministro Teori Zavascki de liberar da prisão o também ex-diretor da estatal Renato Duque.

    Dirigentes petistas preveem dificuldade para o juiz provar crime na propina legal, oficializada''.

    Para um auxiliar de Dilma, a questão é como dizer que algumas doações são legais; outras, não.

    Um alvo das investigações da PF disse que, para atingir o PT, será preciso criminalizar todas as doações legais: "Doação para o PT é corrupção, e para o PSDB é de fundo de caridade?'', ironizou.

    Interlocutores da presidente reconhecem que, politicamente, a situação traz mais um desgaste para o governo, que se prepara para a exploração do fato pela oposição.

    A expectativa é que o depoimento de Mendonça Neto seja usado como "combustível" para a defesa do impeachment de Dilma. Nesta quarta, líderes da oposição afirmaram que a permanência da presidente no comando do país está sob "suspeita".

    Derrotado por Dilma na disputa pela Presidência em outubro, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que o governo se tornará "ilegítimo" se as denúncias forem comprovadas pela Justiça.

    "Se comprovadas essas denúncias, estamos frente a um governo ilegítimo", afirmou.

    O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, minimizou o impacto dos depoimentos. "As contas da presidenta, me parecem, estão bem distantes de qualquer denúncia que envolva situação de corrupção."

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024