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    Lava Jato

    Em seminário sobre ética, autoridades evitam falar sobre Operação Lava Jato

    SEVERINO MOTTA
    DE BRASÍLIA

    04/12/2014 12h03

    Um dia depois de o depoimento do executivo da Toyo Setal Augusto de Mendonça Neto, delator da Operação Lava Jato, apontar suposto pagamento de propinas em doações legais para o PT, a Comissão de Ética Pública da Presidência promove, nesta quinta-feira (4), seu 15º Seminário Internacional Ética na Gestão.

    A maioria dos palestrantes evitou falar diretamente dos casos de desvios de recursos, cartel e pagamentos de propinas envolvendo a Petrobras, enfatizaram, no entanto, as novas leis anticorrupção e a possibilidade de avanço após crises.

    Entre os palestrantes estavam o vice-presidente da República, Michel Temer, o titular da CGU (Controladoria-Geral da União), Jorge Hage, o Advogado-Geral da União, Luís Inácio Adams, o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Carlos Ayres Britto, o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Marcus Vinícius Furtado Coêlho, e o presidente da Comissão de Ética da Presidência, Américo Lacombe.

    Em sua palestra, Lacombe ponderou que crises não serão capazes de afetar o Brasil, representam, em sua opinião, uma possibilidade para a correção de rumos e erros.

    O presidente ainda exaltou a nova Lei Anticorrupção que permite a responsabilização objetiva de empresas que tentam se eximir de crimes alegando que subsidiárias ou parceiras que se envolveram em situações de corrupção.

    Exposição semelhante foi feita por Jorge Hage. De acordo com ele, a Lei Anticorrupção, que ele prefere chamar de "lei da empresa limpa", mostra que a sociedade está preparada para combater malfeitos e forçará companhias a redobrarem os cuidados para atuar dentro das regras.

    O vice-presidente Temer, por sua vez, falou sobre o sistema político e a atuação da oposição em dois momentos distintos. Um, durante o pleito, em que a disputa está instaurada. Outro, durante a administração, quando deveria atuar corrigindo e auxiliando o governo em busca do "bem comum".

    Após breves palestras, Hage e Temer deixaram o evento e evitaram falar com a imprensa. Quem conversou com a reportagem foi o advogado Adams. Questionado sobre as contas de campanha da presidente Dilma Rousseff após revelações sobre uso de propinas em doações legais para o PT, ele disse acreditar que não existirá contaminação.

    "O trabalho na campanha foi muito cuidadoso do ponto de vista legal", disse.

    O presidente da OAB, Furtado Coêlho, aproveitou sua palestra para reforçar a posição do órgão, que é contra o financiamento de campanhas por pessoas jurídicas. "Financiamento de campanhas por empresas privadas cria sobreposição venenosa entre política e interesses empresariais".

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