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    Lava Jato

    Juiz da Operação Lava Jato, Moro nega ser 'ídolo nacional'

    SAMANTHA LIMA
    DO RIO

    04/12/2014 18h28

    O juiz federal Sérgio Moro, à frente das ações penais resultantes da operação Lava Jato, disse, no Rio, não se considerar um "ídolo nacional" por estar no centro das decisões judiciais do mais rumoroso caso de corrupção do país.

    Moro, 42, esteve na cidade para participar do Seminário Nacional sobre Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro, organizado pela Esad Cursos.

    Tanto quanto ouvir o magistrado, as equipes de reportagem tinham em mente não perder a oportunidade de fazer um registro de sua imagem, uma vez que raramente ele se deixa fotografar.

    Ricardo Borges - 4.dez.2014/Folhapress
    Sergio Moro, juiz responsável pela Operação Lava Jato, da palestra sobre combate à corrupção
    Sergio Moro, juiz responsável pela Operação Lava Jato, da palestra sobre combate à corrupção

    Depois de algumas fotos tiradas logo após sua chegada, os jornalistas foram advertidos de que não mais seria possível fazer fotos. Depois, ficou combinado que Moro havia autorizado fotos ao fim de sua palestra.

    Ao fim de sua participação, ao caminhar para a porta do auditório, foi possível ouvir alguém dizer "seus seguranças o aguardam lá fora". Depois de alguns minutos conversando com os organizadores do evento, Moro foi abordado por jornalistas, aos quais disse que não falaria, pois não pode comentar "casos pendentes".

    Já quase entrando no elevador, onde um segurança o aguardava, ao ser perguntado se se considerava um "ídolo nacional", disse "não".

    'CEGUEIRA DELIBERADA'

    Durante sua apresentação, Moro falou a respeito da "Doutrina da Cegueira Deliberada". Segundo ele, a doutrina define o comportamento de suspeitos de lavagem de dinheiro que intencionalmente não procuram saber a origem, muitas vezes criminosas, do dinheiro com que fazem transações, para poder alegar o desconhecimento como álibi, na tentativa de se livrar da acusação.

    Para Moro, a omissão em conhecer a origem do dinheiro não exime o praticante da acusação criminosa.

    Tomando o cuidado de ressaltar que não tratava de qualquer caso em andamento, Moro disse que a discussão foi abordada de forma "incidental" durante o julgamento da Ação Penal 470 –do Mensalão– no Supremo Tribunal Federal e vê indícios de que a Corte volte a discutir tal entendimento.

    "No caso da Ação Penal 470, essa discussão foi meramente incidental, sem que houvesse um pronunciamento explícito do plenário, da maioria dos ministros, no sentido de admitir a responsabilidade do crime de lavagem a título de dolo eventual. No entendimento da maioria dos ministros, foi que, ali, a responsabilidade era de dolo direto. Mas alguns ministros fizeram a referência específica a essa possibilidade, deixando a questão pelo menos apontada ali uma tendência do Supremo Tribunal Federal em admitir essa responsabilização".

    Entre os acusados de lavagem na Operação Lava Jato, estão o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Yousseff, são acusados de lavagem, inclusive na ação que vai julgar desvios na refinaria Abreu e Lima, recém inaugurada pela Petrobras em Pernambuco.

    A pena para lavagem de dinheiro é de três a dez anos de prisão, mais multa.

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