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    OAS depositou R$ 19 mi em firmas de Youssef

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO
    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    06/12/2014 02h00

    Empresas do grupo OAS fizeram depósitos que somam R$ 19 milhões em firmas de fachada do doleiro Alberto Youssef, segundo cálculos da Folha a partir de relatório da Polícia Federal.

    O próprio doleiro já disse em depoimento à Justiça Federal que, como suas empresas não tinham existência real, os valores nelas depositados visavam o pagamento de suborno para políticos e funcionários públicos.

    Os pagamentos ocorreram em um período de três anos e meio, entre junho de 2010 e dezembro de 2013.

    Geraldo Magela - 18.out.2005/Agência Senado
    O doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato
    O doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato

    A OAS é a empreiteira investigada na Operação Lava Jato que tem mais executivos presos pela Polícia Federal: são quatro entre os 11 que estão na custódia da Polícia Federal em Curitiba, entre os quais o presidente da companhia, José Aldemário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro.

    Os executivos foram presos sob acusação de pagar suborno para obter contratos na Petrobras. A construtora OAS e os consórcios dos quais ela faz parte têm contratos com a estatal de R$ 10,1 bilhões e US$ 48,1 milhões (R$ 125 milhões), segundo o relatório da polícia.

    CONSULTORIA SIMULADA

    Os repasses eram feitos por meio de contratos simulados de prestação de serviços, de acordo com a interpretação da Polícia Federal.

    Há contratos de consultoria para implantação de software sem especificar o tipo de programa a ser desenvolvido, de consultoria fiscal e tributária, de prospecção de mercado no interior de São Paulo e até para implantar um shopping center em Maceió.

    Sobre o projeto do shopping, o relatório da polícia diz que, apesar de a OAS ter um "corpo técnico especializado em elaboração de projetos de construção", a empreiteira "terceirizou os serviços deste projeto para uma empresa que sequer possui quadro de funcionários".

    A OAS usou várias empresas do grupo para fazer os repasses ao doleiros, entre as quais a construtora, a Coesa Engenharia, o consórcio Sehab, que atuou na urbanização de favelas da gestão do prefeito Gilberto Kassab na Prefeitura de São Paulo.

    O consórcio era formado pela OAS e Constran, cujo presidente, Ricardo Pessoa, também está preso.

    Youssef recebeu os pagamentos por meio da MO Consultoria, Empreiteira Ridigez e RCI Software e Hardware.

    Um dos pagamentos, de US$ 4,8 milhões em 2012, foi feito na Suíça numa conta controlada pelo doleiro. O montante pago no Brasil, de R$ 9,15 milhões, supera em R$ 2,45 milhões o valor que a PF havia calculado num laudo. A razão da diferença é que o relatório atual foi feito com base em notas fiscais e contratos apreendidos na OAS.

    OUTRO LADO

    Procurada pela Folha, a OAS não quis se pronunciar sobre o relatório da PF.

    A Constran disse em nota que não faz mais parte do consórcio Sehab e que a OAS, como líder da sociedade, tinha o poder de tomar "todas as decisões".

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