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    Ministro de Dilma diz que 'morria de medo de o playboyzinho' ser eleito

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    09/12/2014 14h30

    Prestes a deixar o governo na reforma ministerial, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) disparou críticas à oposição nesta terça (9) em discurso num evento no Planalto com cooperativas que atuam com extrativismo sustentável.

    Carvalho afirmou que o governo sofre "perseguição e discriminação" por defender projetos de cunho social. "[O governo fica] sofrendo todo o tipo de acusação, de bolivarianismo, de chavismo, de mais um monte de merda (sic) que os caras falam para poder fazer funcionar de fato o Estado em função da maioria", disse.

    "É isso que esteve em disputa nas eleições. Eu morria de medo de o playboyzinho [referência ao senador Aécio Neves, candidato derrotado à Presidência pelo PSDB] ganhar a eleição porque eu tinha clareza que ia acabar essa energia que está aqui nessa sala", prosseguiu.

    Ao afirmar que o evento representava um momento de felicidade porque se celebrava a "junção adequada entre governo e sociedade", o ministro disse que as políticas voltadas para os mais pobres com foco em distribuição de renda se intensificaram "quando o metalúrgico de nove dedos começou a implantar a mudança de lógica do Estado brasileiro", em referência direta ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    O ministro afirmou ainda que o Estado brasileiro é elitista e voltado apenas para manutenção dos privilégios dos mais ricos.

    "Quando se assume o governo, [...] tem contra si todo o poder econômico, todo o poder da mídia, tudo aquilo que a elite construiu e mantém cuidadosamente século após século", continuou.

    Longe das preferências de Dilma e prestes a deixar seu cargo no Planalto, Carvalho defendeu a presidente dos ataques em decorrência das denúncias contra a Petrobras.

    Para ele, a elite do país usa a corrupção como estratégia para atingir o governo e impedi-lo de realizar suas ações.

    "O que está em jogo agora não é esse negócio de corrupção que sempre teve no país e nós estamos tendo a coragem de combater. Tudo isso que eles estão denunciando agora é o medo que eles têm perder a hegemonia do estado brasileiro", criticou.

    "Eles nunca tiveram coragem de por o dedo na ferida como estamos tendo coragem agora, de cortar na carne quando se verifica a questão da corrupção."

    "O medo deles é essa revolução silenciosa que se opera em todos os cantos do país quando vocês criam as organizações de vocês e o povo vai descobrindo que é sujeito, que é autônomo, que ele tem capacidade de tocar a vida dele. Que ele não depende mais dos dominadores, que ele ganha autonomia", discursou para os convidados.

    Na noite desta terça-feira (9), os líderes das bancadas do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), e na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), divulgaram nota dizendo ser "lamentável" os termos usados pelo ministro.

    "A fala desrespeitosa do ministro Gilberto Carvalho, proferida em um ato oficial no qual representava o governo brasileiro, revela o desespero de um governo pego em flagrante no maior escândalo de corrupção da história do país, agride os mais de 50 milhões de brasileiros que votaram no senador Aécio Neves e ofende o Senado da República.", diz a nota.

    Segundo os tucanos, "transformar o debate político em agressões e desqualificações pessoais faz parte das estratégias autoritárias de quem teme a convivência e o debate democrático".

    Pedro Ladeira - 20.jun.2014/Folhapress
    O ministro Gilberto Carvalho
    O ministro Gilberto Carvalho

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