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    'Sinto muito', diz Kátia Abreu sobre desconforto da JBS com sua indicação

    RENATA AGOSTINI
    DE BRASÍLIA

    09/12/2014 14h06

    A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) disse nesta terça-feira que não conversou com o governo sobre a insatisfação do grupo JBS (que controla o frigorífico Friboi) com sua indicação para o posto de ministra da Agricultura.

    Abreu disse ainda que trabalha pelo país e não por "corporações específicas".

    "Sinto muito se for verdade, mas não acredito que tenha motivos para isso", disse, durante evento na CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) em Brasília.

    "A minha intenção em todos os momentos da minha vida é ter espírito público e trabalhar pelo Brasil e não por corporações específicas", afirmou.

    Maior doadora da campanha de Dilma Rousseff (PT) na eleição deste ano, a JBS fez chegar à presidente seu desconforto com a escolha da senadora para o posto de titular da Agricultura em substituição à Neri Geller (PMDB-MT), como mostrou reportagem da Folha.

    A troca contrariou Joesley Batista, um dos donos da empresa, por conta de desavenças entre ele e a senadora no passado. A JBS é uma das maiores companhias do país.

    Oficialmente, a JBS nega. "Repudiamos veementemente a tentativa de nos colocar contra a senadora, à qual admiramos e respeitamos pelos excelentes serviços prestados ao agronegócio", afirmou.

    O grupo doou R$ 69,7 milhões para a campanha de reeleição de Dilma.

    POSSE

    A senadora não quis comentar a intenção da presidente de convidá-la para assumir o ministério da Agricultura. "São apenas especulações", afirmou sorrindo. "Vamos aguardar".

    Ela disse, contudo, que o próximo ministro terá grandes desafios como aumentar o número de mercados das exportações brasileiras do agronegócio.

    "Não queremos ser uma ilha de prosperidade. Queremos que o continente todo cresça", afirmou.

    A CNA estima que o PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio deve fechar o ano com crescimento de 3,8% frente a 2013, enquanto a economia brasileira deve ter expansão de apenas 0,29%.

    Já em 2015, por conta da queda no preço das commodities, o agronegócio brasileiro deve desacelerar, terminando o ano com aumento de 2,5% no PIB.

    INDICAÇÃO

    O convite de Dilma Rousseff a Kátia Abreu para a liderança do Ministério da Agricultura não agradou a diversos setores da sociedade, como o MST (Movimento dos Sem-Terra) e ambientalistas.

    Nesta terça, o presidente da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), Alberto Ercílio Broch, classificou a decisão como "péssima".

    Dentro do próprio PT, a escolha da senadora do PMDB não foi bem aceita. Setores do partido manifestaram desconforto durante reunião da sigla no final de novembro, em Fortaleza.

    O teólogo Leonardo Boff, junto a intelectuais e ativistas como o economista Luiz Gonzaga Beluzzo, assinaram um manifesto contra a entrada de Abreu e de Joaquim Levy, escolhido para a Fazenda, no governo.

    A escolha de Kátia Abreu ainda não foi oficializada pelo Planalto. A demora deve-se ao fato de que Dilma não quer que o nome da senadora entre em sua "cota pessoal" de decisões sobre os ministérios, mas sim, na do PMDB.

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