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    Lava Jato

    André Vargas tenta adiar análise de cassação com atestado odontológico

    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    10/12/2014 12h13

    Acusado de envolvimento com um dos pivôs do escândalo de desvio de recursos da Petrobras, o deputado André Vargas (ex-PT-PR) deflagrou uma manobra para evitar a análise do seu pedido de cassação nesta quarta-feira (10) pelo plenário da Câmara.

    O deputado entregou um recurso no comando da Casa alegando que não tem condições de apresentar sua defesa no pedido de perda de mandato, pedindo uma nova data para a votação a partir do dia 16. O Congresso entra em recesso no dia 23.

    Vargas apresentou um atestado de que foi submetido a uma cirurgia odontológica que o impede de falar para "tentar provar sua inocência" para seus pares. Além do atestado, ele enviou imagens comprovando o procedimento cirúrgico.

    Para tentar adiar a votação, Vargas inclusive destituiu seu advogado que atuou ao longo de todo o processo para que o defensor não o substituísse.

    Vargas está em São Paulo. Ele disse estar no hospital Sírio Libanês.

    A manutenção da sessão para analisar a cassação depende agora de uma decisão do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Ele pode determinar um novo defensor para Vargas, que tem previsão regimental para pedir um prazo para analisar o caso.

    A sessão que analisaria a cassação começou as 11h, mas ainda não há quórum para a abertura de votação. São necessário 257 votos para abrir a análise e, até agora, apenas 164 deputados registraram presença.

    Se até as 15h não houver o quórum, a sessão pode ser cancelada.

    Vargas trabalha para ser não ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa para não ficar inelegível por oito anos.

    Alan Marques/Folhapress
    O deputado André Vargas em sessão da Câmara
    O deputado André Vargas em sessão da Câmara

    Em agosto, o Conselho de Ética considerou que Vargas quebrou o decoro parlamentar por intermediar, junto ao Ministério da Saúde, negócios do doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato que investiga um esquema de desvio de recursos da Petrobras.

    O parecer do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) também levou em consideração a locação de um avião utilizado por Vargas para passar férias com a família no Nordeste, a um custo de R$ 105 mil, custeado por Youssef, caso revelado pela Folha.

    Depois da decisão do órgão disciplinar, Vargas apresentou recurso à CCJ alegando irregularidades durante as etapas do processo no órgão disciplinar.

    Num acordo informal costurado por parlamentares aliados, principalmente do PT e PMDB, a comissão adiou por seis vezes a discussão do caso, levando quase dois meses para levar o processo ao plenário.

    Ex-vice-presidente da Câmara, Vargas deixou o PT logo após o escândalo vir a público. Ele chegou a pensar em renunciar, mas desistiu.

    Numa ação costurada com a cúpula, o partido pediu seu mandato na Justiça Eleitoral, mas o gesto foi interpretado como mais uma manobra para tentar evitar que ele fosse enquadrado na Lei da Ficha Limpa.

    O TSE ainda não se manifestou sobre o caso. A legenda tentou se descolar de Vargas para evitar desgastes nas eleições.

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