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    General questiona relatório: "E a terrorista que é presidente do país?"

    MARCO ANTÔNIO MARTINS
    DO RIO

    10/12/2014 13h09

    O general Nilton Cerqueira, 84, um dos 377 citados no relatório da Comissão da Verdade como responsável por crimes contra a humanidade, disse, nesta manhã de quarta (10) ainda não ter lido o documento apresentado em Brasília, mas questiona seu conteúdo.

    "Não li ainda, mas pretendo ler. Agora só tenho uma pergunta: sou eu, que cumpri a lei, que violei os direitos humanos? E os terroristas? São o que? Inclusive, a terrorista que é presidente do país?", em referência à presidente Dilma Rousseff (PT).

    Com cargos de chefia no Exército e na Polícia Militar do Rio, durante o regime, o militar é apontado no documento como líder da perseguição e morte de Carlos Lamarca, da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), em 1971 e de mais dez pessoas durante a ditadura militar (1964-1985).

    Patricia Santos - 20.mai.95/Folhapress
    O general Nilton Cerqueira, quando era secretário de Segurança do Rio, em 1995
    O general Nilton Cerqueira, quando era secretário de Segurança do Rio, em 1995

    Durante a ditadura militar, a presidente Dilma integrou o Colina (Comando de Libertação Nacional) e a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares), organizações que defendiam a luta armada contra o regime militar. A presidente foi torturada e presa por sua atuação neste período.

    Nesta quarta, em discurso na cerimônia de entrega do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, Dilma chorou ao falar sobre mortos e desaparecidos da ditadura.

    De acordo com o documento da Comissão, o general Cerqueira, em 1971, era chefe da 2ª Seção do Estado Maior da 6ª Região Militar que abrange os Estados da Bahia e de Sergipe.

    Na época, Cerqueira chefiou a operação Pajussara, sendo apontado pelos integrantes da comissão por perseguir e matar o ex-capitão do Exército, Lamarca e mais Zequinha Barreto, Otoniel Barreto e Luiz Santa Bárbara, em Brotas de Macaúbas (BA).

    Na região do Araguaia, os militares comandados por Cerqueira, segundo a comissão, atacaram, em 1973, a Comissão Militar da Guerrilha no episódio que ficou conhecido como "Chafurdo de Natal", já que ocorreu no dia 25 de dezembro. A ação resultou na morte de Gilberto Olímpio Maria, Guilherme Gomes Lund, Líbero Giancarlo Castiglia, Maurício Grabois, Paulo Mendes Rodrigues e Paulo Roberto Pereira Marques.

    Após a ditadura, o general Nilton Cerqueira ocupou a secretaria de Segurança Pública do Rio durante o governo Marcelo Alencar (PSDB), entre os anos de 1995 e 1998.

    Editoria de Arte/Folhapress

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