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    Lava Jato

    PF diz ter mais indícios de que vazou informação sobre prisão de executivos

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO
    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    10/12/2014 14h07

    O presidente da UTC-Constran, Ricardo Pessoa, recebeu informações que contém indícios de que a sétima fase da Operação Lava Jato, realizada no dia 14 de novembro com a prisão de dirigentes de empreiteiras, vazou para os alvos, segundo relatório da Polícia Federal.

    Na véspera dessa fase da operação, às 21h28, Pessoa recebeu um telefonema de um advogado da UTC, Renato Tai, alertando-o de que haveria algum problema no dia seguinte. O executivo indaga o advogado: "De onde veio esse problema? Do Sul do país?", numa possível referência a Curitiba (PR), base da Operação Lava Jato. "Ah, é, Ricardo, não é certeza, mas é uma previsão", responde o advogado.

    O presidente da companhia continua preso na carceragem da PF em Curitiba desde o dia 14, com outros dez executivos, o doleiro Alberto Youssef e o lobista Fernando Soares.

    A transcrição da conversa sugere que Pessoa e o advogado da UTC usavam um outro aparelho para se comunicar sem ser interceptado pela Polícia Federal. "Você viu o vermelhinho?", pergunta o advogado. "Acabei de chegar em casa, não tem nada no vermelhinho", responde o presidente da UTC-Constran. "Dá uma olhada", insiste o advogado da empresa.

    Menos de meia hora depois de receber o telefonema, Pessoa manda uma mensagem a um certo João: "Estão todos avisando (advs) que amanhã poderá ter café da manhã muito cedo".
    A PF não identificou João no relatório, mas o vice-presidente da UTC chama-se João Argollo.

    A assessoria da UTC Constran rebate em nota que tenha havido vazamento sobre as prisões. "A circulação de boatos sobre supostas operações da Polícia Federal em empresas citadas na Operação Lava Jato foi uma constante desde abril deste ano. Na véspera da operação que resultou na busca e apreensão nos escritórios das empresas e na prisão de alguns executivos, esses boatos voltaram a se repetir. Diversas empresas tomaram conhecimento dos rumores".

    A PF tem ao menos outros três indícios de que a sétima fase da Lava Jato, chamada de Juízo Final, vazou para os investigados. O presidente da OAS, Léo Pinheiro, viajou de São Paulo para Salvador um dia antes das prisões, o que foi interpretado pelo delegado Márcio Anselmo, responsável pela Lava Jato, como uma tentativa de escapar da prisão.

    Na sede da OAS em São Paulo, a PF encontrou três advogados da empresa na madrugada do dia 14. O vice-presidente da Engevix, Gerson Almada, também recebeu uma mensagem via celular avisando-o dos "boatos" de que haveria nova operação da PF.

    Léo Pinheiro e Almada também estão presos na PF em Curitiba. Assim como Ricardo Pessoa, eles são acusados de pagar propina para obter contratos da Petrobras e formar um cartel que dividia as obras.

    As empresas negam o pagamento de suborno e a ação do cartel.

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