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    'Conservadorismo' dificultará condenações, diz ex-presa política

    CAROL PRADO
    DE SÃO PAULO

    10/12/2014 18h24

    Moacyr Lopes Junior - 11.jun.2009/Folhapress
    Criméia de Almeida, ex-presa política e viúva de um dos desaparecidos durante a ditadura
    Criméia de Almeida, ex-presa política e viúva de um dos desaparecidos durante a ditadura

    Os parentes de mortos e desaparecidos na ditadura (1964-85) alcançaram, nesta quarta-feira (10), uma "nova fase" com a divulgação do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, de acordo com a presidente de entidade nacional que reúne familiares de vítimas do regime, Criméia de Almeida.

    A etapa que começa agora, no entanto, será de luta contra o que ela classificou como "conservadorismo" do Judiciário para a punição dos responsáveis vivos citados pelo documento, que lista 377 pessoas envolvidas em violações à humanidade entre 1946 e 1988.

    "A perseguição penal [aos militares] tem sido muito dificultada pelo Supremo Tribunal Federal", disse à Folha a dirigente da Comissão Nacional de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, que também é ex-presa política.

    Para ela, a condenação de agentes da ditadura não depende da revisão da Lei da Anistia, que perdoa crimes políticos e conexos ocorridos entre 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de 1979.

    "A CNV apurou crimes imprescritíveis, que não são passíveis de anistia", afirmou.

    Mulher de desaparecido político, Criméia diz ter sido presa e torturada grávida, em dezembro de 1972, no DOI-Codi São Paulo. Após ser transferida, ela conta, seu filho nasceu no Pelotão de Investigações Criminais, em Brasília.

    "Me impediam de amamentá-lo, com o objetivo de me torturar", disse. "Minha história é só um pedacinho da história de horrores da ditadura", acrescentou.

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