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    Clubes militares listam os mortos pela esquerda

    DO RIO
    DE SÃO PAULO

    11/12/2014 23h31

    Os clubes Naval, Militar e da Aeronáutica divulgaram nesta quinta (11), uma lista com 126 nomes de militares, policiais e civis que, segundo eles, foram mortos em ações da luta armada contra a ditadura militar (1964-1985).

    De acordo com a nota, publicada em forma de anúncio em jornais do Rio e divulgada no site do Clube Militar, a intenção é homenagear vítimas "desprezadas" pela Comissão Nacional da Verdade.

    O relatório final da comissão, divulgado nesta quarta (10), reconhece a responsabilidade do Estado pela morte de 224 pessoas e pelo desaparecimento de outras 210, e aponta 377 pessoas, incluindo militares e policiais, como responsáveis por esses crimes.

    A divulgação da lista, que inclui os generais que presidiram o país durante a ditadura e oficiais que chefiaram os órgãos encarregados da repressão política, irritou militares da ativa e da reserva.

    Eles esperavam um pronunciamento dos chefes das três Forças Armadas, mas os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica mantiveram silêncio desde a divulgação do relatório.

    Um dos 377 responsabilizados pela Comissão da Verdade, o ex-ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves afirmou que só vai se pronunciar após se recuperar de uma cirurgia feita para colocação de uma prótese no braço há alguns dias.

    Não é a primeira vez que os militares publicam uma lista de vítimas da luta armada.

    O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que chefiou um dos principais centros da repressão em São Paulo nos anos 70, chegou a publicar um levantamento apontando 119 vítimas, numa conta que inclui policiais e militares mortos em combate, civis atingidos em tiroteios e casos em que a responsabilidade da esquerda é duvidosa.

    As listas dos militares incluem, por exemplo, a investigadora da polícia de São Paulo Estela Borges Morato e o protético Friederich Rohmann. Ambos morreram na noite de 4 de novembro de 1969, durante a ação em que a polícia matou o líder guerrilheiro Carlos Marighella, fundador da ALN (Ação Libertadora Nacional).

    A ação foi comandada pelo delegado Sérgio Fleury, que mobilizou 30 agentes para aguardar a chegada de Marighella a um encontro com dois frades na alameda Casa Branca, nos Jardins.

    Marighella foi morto a tiros quando estava no interior de um Fusca e sem que tivesse chance de usar a pistola que, segundo os militares, carregava numa pasta. Estela participou da ação policial e Rohmann passou pelo local quando a fuzilaria começou.

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