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    Lava Jato

    Graça Foster já colocou cargo à disposição de Dilma 2 vezes

    NATUZA NERY
    ANDRÉIA SADI
    DE BRASÍLIA

    14/12/2014 02h00

    No centro do desgaste sofrido pela Petrobras desde que detalhes da operação Lava Jato se tornaram conhecidos, a presidente da estatal, Graça Foster, colocou o cargo à disposição de Dilma Rousseff pelo menos duas vezes nas últimas semanas.

    Em ambos os casos, a petista recusou a oferta.

    Segundo a Folha apurou, Graça conversou com Dilma semana passada após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sugerir publicamente que toda a diretoria da petroleira fosse substituída.

    A declaração constrangeu o comando da empresa e fez com que a executiva procurasse a presidente Dilma, de quem é amiga há anos.

    Na conversa, segundo interlocutores, Graça confidenciou que a diretoria ficara muito incomodada com a ofensiva do procurador e que considerava uma demissão coletiva. Dilma não concordou com a proposta.

    Em um evento sobre corrupção na terça (9), Janot foi duro. Disse que, "diante de um cenário tão desastroso na gestão da companhia, o que a sociedade espera é a mais completa e profunda apuração dos ilícitos perpetrados, com a punição de todos, todos os envolvidos".

    Em seguida, disparou: "esperam-se as reformulações cabíveis, inclusive, sem expiar ou imputar previamente culpa, a eventual substituição de sua diretoria".

    Tão logo soube do conteúdo das críticas do procurador-geral, a presidente convocou seu ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e mandou que desse uma entrevista defendendo a diretoria da estatal. A ordem foi executada de imediato. "Não há razão objetiva para que atuais diretores sejam afastados", disse o o ministro no mesmo dia.

    Quando a Petrobras entrou na berlinda em razão dos desvios levantados na Lava Jato, a capacidade de gestão da atual cúpula da companhia passou a ser questionada. O Palácio do Planalto procurou logo blindar a equipe.

    SEGUNDO GESTO

    Há cerca de duas semanas, Graça também sugeriu deixar o cargo, desta vez por outro motivo: a saia justa com investidores ao ter de explicar que a divulgação do resultado financeiro da empresa no terceiro trimestre de 2014 teria de ser adiado.

    A apresentação de balanços auditados é uma exigência da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para empresas que negociam títulos e ações no mercado de capitais, mas a auditoria PricewaterhouseCoopers se recusou a assinar a demonstração contábil da estatal em novembro, em meio às denúncias de corrupção.

    Na ocasião, Dilma também recusou a ideia de trocar o comando da Petrobras.

    Segundo ministros ouvidos pela reportagem, o gesto de Graça foi ''pro forma''. Na avaliação de auxiliares presidenciais, a chefe da estatal queria mais uma sinalização de apoio de Dilma do que, efetivamente, deixar o comando da petroleira.

    FATO NOVO

    A conversa entre Dilma e Graça sobre a saída do cargo após a sugestão de Janot ocorreu entre terça e quarta. Portanto antes da divulgação, nesta sexta, de que uma ex-funcionária da companhia alertou integrantes da diretoria, atual e antiga, sobre desvios em contratos da empresa.

    A Petrobras afirma ter tomado providências após as denúncias, mas nada afirmou sobre o teor das mensagens de Venina Velosa da Fonseca, que foi subordinada do ex-diretor Paulo Roberto Costa, um dos delatores da Operação Lava Jato.

    Venina deve apresentar e-mails e documentos ao Ministério Público Federal em Curitiba ao longo desta semana para comprovar os alertas.

    Graça Foster era diretora de gás e energia da Petrobras na época em que o esquema desbaratado pela Polícia Federal atuava. As investigações não apontaram até agora nada que envolva seu nome com irregularidades.

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