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    Alckmin usará novo mandato como vitrine para tentar disputar Planalto

    DANIELA LIMA
    GUSTAVO URIBE
    DE SÃO PAULO

    01/01/2015 02h00

    Os aliados do governador Geraldo Alckmin (PSDB) são diretos ao apontar o que acreditam que será o diferencial de seu novo mandato: o tucano tomará decisões administrativas abandonando definitivamente a ideia de se projetar apenas em São Paulo.

    Ainda que a precaução recomende discrição, não há dúvidas entre seus auxiliares e assessores que ele se prepara para disputar o Palácio do Planalto em 2018 e pretende transformar o governo estadual em uma vitrine eleitoral para o resto do país.

    "O governador nunca esteve tão focado na disputa presidencial como agora. Ele sabe que é sua última chance", avalia um aliado paulista.

    Amauri Nehn - 5.out.2014/Brazil Photo Press/Folhapress
    Alckmin ao lado de aliados e da mulher durante o discurso da vitória em 5 de outubro
    Alckmin ao lado de aliados e da mulher durante o discurso da vitória em 5 de outubro

    Na montagem de seu novo secretariado –mais de 70% da equipe foi trocada–, o governador deixou claro que quer "governar para fora".

    O tucano planeja entregar obras estruturantes que possam servir de referência para outros Estados. Ele quer ainda consolidar a expansão do Metrô e do Rodoanel e embalar as mudanças em uma espécie de "pacote social".

    Em novembro, em conversas reservadas, deu exemplo de como pretende apresentar seus resultados.

    "Levar o metrô para o bairro de Jardim Ângela [zona sul da capital paulista] é, sim, benefício e inclusão social. É dar tempo e qualidade de vida para as pessoas", afirmou.

    Ainda que tenha frustrado as próprias expectativas de promover redução significativa no tamanho da máquina pública, o tucano buscou aliar nomes técnicos a políticos em sua nova equipe.

    Para a atual área mais crítica da administração, Recursos Hídricos, escalou um acadêmico respeitado entre especialistas, mesmo critério que adotou para nomear a titular do Meio Ambiente.

    A "tropa de choque" política contará com quatro integrantes e cada um deles terá funções bem definidas. Alexandre de Moraes, escolhido para a Segurança Pública, é o principal articulador do governador no meio jurídico.

    Consultor informal do tucano nos últimos quatro anos, ele terá a função de fazer a ponte com o Ministério Público, Tribunal de Justiça, juízes federais e até o STF (Supremo Tribunal Federal).

    Com perfil mais dinâmico que o de seu antecessor, Moraes deve servir de "anteparo" para as rusgas entre a Secretaria de Segurança e o Ministério da Justiça, comandado por José Eduardo Cardozo, ministro petista que figura sempre na lista de pré-candidatos ao governo paulista.

    Ao responsável pela Secretaria de Governo, Saulo de Castro, considerado de estilo linha-dura, caberá cobrar secretários pelo andamento de obras. Nome de confiança do tucano, monitorará o desempenho de todas as áreas.

    Na costura política, o principal articulador será Edson Aparecido, da Casa Civil. Ele tende a ser o "rosto" público do governo para temas impopulares, já que aliados querem evitar a superexposição do tucano a partir de agora.

    Para o fortalecimento do governador no PSDB, Alckmin vai contar com o novo secretário de Logística e Transportes, Duarte Nogueira, presidente estadual do partido.

    O dirigente da sigla é aliado de Alckmin, mas tem boa relação com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), único nome que desponta como adversário interno na disputa pela candidatura tucana à Presidência em 2018.

    Os tucanos não apostam em um clima beligerante no PSDB nos próximos anos. Para eles, Alckmin não irá se indispor publicamente com Aécio nem com a presidente Dilma Rousseff (PT).

    Ele deve investir numa relação amistosa com a petista porque sabe que precisará dela para assegurar recursos para investimentos. As parcerias serão indispensáveis em um cenário de possível queda na arrecadação em 2015.

    "O Alckmin é mais mineiro no jeito de ser do que o próprio Aécio. Ele será discreto. Vai pelas beiradas", resume um antigo assessor do tucano.

    Editoria de Arte/Folhapress

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