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    Em 2º discurso, Dilma promete 'nova etapa' de mudanças sociais; leia e veja a íntegra

    DE BRASÍLIA

    01/01/2015 17h48

    Num curto discurso, de 11 minutos, a presidente Dilma Rousseff prometeu à população brasileira "inaugurar uma nova etapa" de mudanças sociais no Brasil. Ela reconheceu que serão feitos "ajustes na economia", mas disse que as medidas serão tomadas "sem revogar direitos conquistados ou trair nossos compromissos sociais".

    A fala ocorreu dias depois de o governo federal anunciar cortes em benefícios trabalhistas e previdenciários, como seguro-desemprego, abono salarial e pensão pós-morte. O governo afirma que apenas corrigiu distorções.

    "Sempre estive e sempre estarei ao lado de vocês e nada, absolutamente nada, ninguém, absolutamente ninguém, vai me afastar desse compromisso. (...) Assumo aqui com vocês, nesta praça, o meu compromisso de inaugurar uma nova etapa nesse processo histórico de mudanças sociais para o Brasil", afirmou no parlatório, ao lado do vice-presidente, Michel Temer.

    "De pé e com fé, porque nos vamos juntos fazer a reforma política. (...) De pé e com fé, porque vamos continuar o Minha Casa Minha Vida, o Prouni [programa de bolsas para alunos de baixa renda], o Fies [Fundo de Financiamento Estudantil], o Ciência sem Fronteiras", afirmou.

    Dilma pediu a confiança dos brasileiros, destacando o fato de que, enquanto diversos países viviam uma situação de desemprego e crise econômica, o Brasil manteve seus programas sociais. Agora, ela pediu "apoio e compreensão" dos brasileiros.

    "Para conseguir avançar é preciso mais do que nunca do apoio e compreensão de vocês. Quero pedir o apoio de todos, de leste a oeste, norte a sul do Brasil. Hoje, depois de 12 anos de governo popular e de grandes transformações, o povo tem o direito de dizer: nenhum direito a menos, nenhum passo atrás."

    FAIXA PRESIDENCIAL

    Com um atraso de 40 minutos, a presidente deu início ao pronunciamento à população brasileira, pouco depois de receber do cerimonial do Palácio a faixa presidencial.

    Enquanto no Congresso Nacional a fala de Dilma tem o objetivo de apontar metas e compromissos do novo mandato, no parlatório o discurso tem um tom de saudação aos brasileiros.

    O evento foi acompanhado por cerca de 800 convidados no salão nobre do edifício. O local foi dividido em alas de acordo com o perfil dos presentes –governadores, familiares de Dilma e movimentos sociais, por exemplo.

    A primeira fileira foi chamada de "diamante" por servidores do Palácio –ali estão ministros, o ex-presidente Lula e o senador José Sarney (PMDB-AP).

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    Leia a íntegra

    Pronunciamento à nação da Presidenta da República, Dilma Rousseff, no Parlatório

    Palácio do Planalto, 1º de janeiro de 2015

    Queridos brasileiros e brasileiras aqui, nesta praça,

    Estamos aqui, eu e o vice-presidente, Michel Temer, para cumprimentar vocês. Eu agradeço a vocês terem vindo de todos os cantos do nosso país nessa marcha da esperança para dizerem "sim" ao futuro do Brasil.

    Agradeço a cada uma companheira e a cada um companheiro. Quero dizer para vocês que eu sinto imensa alegria por ter vencido os desafios e honrado o nome da mulher brasileira, dessa mulher que nós sabemos que são milhões de guerreiras anônimas que dão vida e carinho ao nosso país.

    Eu represento um projeto de nação que é detentor do mais profundo e duradouro apoio popular de nossa história democrática. Esse projeto que começou no governo do presidente Lula, que continua no meu governo, ele pertence a vocês, a cada um de vocês, ao povo deste país e, mais do que nunca, é para este povo e com este povo que nós vamos governar.

    Graças aos nossos governos –o meu e o do presidente Lula–, nós temos hoje a primeira geração de brasileiros que não vivenciou a tragédia da fome. Nós resgatamos 36 milhões de pessoas da extrema pobreza, 22 milhões apenas no meu governo. Nesses períodos, nunca tantos brasileiros ascenderam às classes médias. Nunca tantos brasileiros conquistaram empregos com carteira assinada. Nunca o salário mínimo e os demais salários se valorizaram por tanto tempo e com tanto vigor. Nunca tantos brasileiros se tornaram donos de suas próprias casas. Nunca tantos brasileiros tiveram acesso ao ensino técnico e à universidade. Nunca o Brasil viveu um período tão longo, tão longo sem nenhuma crise institucional. Nunca as instituições foram tão fortalecidas e respeitadas e nunca se apurou e puniu com tanta transparência a corrupção.

    Em nossos governos cumprimos o compromisso fundamental de oferecer à população até então excluída os direitos básicos que devem ser assegurados a qualquer cidadão deste país: o direito de trabalhar, o direito de alimentar a família, de educar e acreditar em um futuro melhor para os seus filhos. Essa crença é o sonho de qualquer pai ou mãe de família desse país: oferecer aos seus filhos oportunidades melhores do que as suas. Essa é a crença que constrói uma família, este é o desafio que ergue uma nação.

    Escuto as vozes de vocês, vozes corajosas, a dizerem que estamos aqui todos nós de pé e que todos nós temos fé no Brasil. Nós que estamos aqui e todos os brasileiros acreditamos nessa terra porque nos últimos 12 anos aqui não se discrimina os pobres, não se esquece dos jovens, não se esquece dos negros, não se abandona as mulheres. Não importam as dificuldades, não importam os obstáculos, o povo brasileiro vai vencer e vai construir um Brasil próspero, justo e pleno de oportunidades. Sempre estive e sempre estarei ao lado de vocês e nada, absolutamente nada, ninguém, absolutamente ninguém vai me afastar desse compromisso.

    Sei que vocês querem mais e melhor. Sei que a palavra mais repetida nessa minha campanha, da qual vocês participaram, foi mudança e o tema mais invocado foi reforma. Assumo aqui com vocês, nesta praça, o meu compromisso de inaugurar uma nova etapa nesse processo histórico de mudanças sociais no Brasil e digo a vocês algo muito importante. Nós vamos fazer sim ajustes na economia mas isso sem revogar direitos conquistados ou trair nossos compromissos sociais. Fui reeleita para continuar mudando o Brasil e para continuar fazendo as mudanças que vocês desejam. E prometo: farei as mudanças.

    Assumo meu segundo mandato com mais esperança do que assumi o primeiro. Assumo esse mandato com uma certeza: nós estamos juntos com a dignidade, estamos juntos de pé, e com a força da imensa fé que temos no povo desse país. De pé e com fé porque nós vamos juntos fazer a reforma política. De pé e com fé porque o Brasil será a verdadeira pátria educadora e os brasileiros terão acesso a educação de qualidade, da creche à pós graduação. De pé e com a força da fé nesse país, porque vamos mudar a Constituição para permitir que o governo federal assuma a responsabilidade para melhorar a segurança pública. De pé e com a força da fé, porque vamos melhorar a nossa saúde, vamos garantir mais acesso a exames e a consultas com especialistas. De pé e com fé, porque vamos garantir emprego de qualidade, baseado na expansão da economia, na formação profissional e na inovação. De pé e com fé, porque apostamos em cada vez mais empregos e salários valorizados, porque vamos continuar com a política de valorização do salário mínimo. De pé e com fé, porque vamos continuar o Minha Casa, Minha Vida, o Prouni, o Fies, o Ciência sem Fronteiras. Somos capazes de fazer isso porque somos um povo que garantiu emprego e salário quando o mundo desempregava e arrochava. Somos capazes de fazer isso porque, nesses últimos 12 anos, nós mudamos o Brasil.

    Mas, para conseguir avançar preciso, mais do que nunca, do apoio e da compreensão de vocês. Quero pedir o apoio de todos, de Leste a Oeste, de Norte a Sul do Brasil. Hoje, depois de 12 anos de governo popular e de grandes transformações, o povo brasileiro tem o direito de dizer, como uma orientação para o meu novo mandato: nenhum direito a menos, nenhum passo atrás, só mais direitos e só o caminho à frente. Esse é meu compromisso sagrado perante vocês. Esse é o juramento que faço nessa praça.

    Viva o Brasil! Viva o povo Brasileiro!

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