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    'Não somos ladrões', diz Gilberto Carvalho em saída da Secretaria-Geral

    AGUIRRE TALENTO
    DE BRASÍLIA

    02/01/2015 16h45

    Ao transmitir o cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência, o petista Gilberto Carvalho afirmou nesta sexta-feira (2) que "nós não somos ladrões" e que "temos que levantar a cabeça e honrar nossa luta", em referência aos membros do partido.

    Carvalho assumirá o comando do Conselho Nacional do Sesi e passou seu cargo para o também petista Miguel Rossetto, que era titular do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

    "A política é feita pra servir. Estou muito feliz porque a imensa maioria dos nossos companheiros, dos nossos ministros, dos nossos assessores, trabalha aqui por amor, trabalha aqui para servir. Nós não somos ladrões", afirmou.

    O petista também ironizou quem se refere ao PT como uma quadrilha, em função da condenação no mensalão. No fim de 2013, petistas históricos foram presos por causa da condenação no processo no STF (Supremo Tribunal Federal). Entre eles o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado a 7 anos e 11 meses por corrupção ativa, mas que cumpre pena em regime aberto, podendo passar as noites em casa.

    Visivelmente emocionado, Gilberto Carvalho, que foi chefe de gabinete do ex-presidente Lula antes de ocupar por quatro anos a Secretaria-Geral da gestão Dilma Rousseff, disse que ninguém deve "levar desaforo para casa".

    "Eu volto para casa depois de 12 anos para minha quitinete rural e pro meu apartamento, que fiquei devendo pro Banco do Brasil durante 19 anos. Eu digo isso com muito orgulho e desafio a acompanharem a evolução patrimonial de nossos ministros. Não vamos levar desaforo pra casa, nós temos dignidade", disse Carvalho.

    Citando o termo quadrilha, Carvalho deu declarações que depois explicou serem uma resposta ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), adversário de Dilma na última eleição, que afirmou ter perdido para uma "organização criminosa".

    "A quem disse que perdeu a eleição para uma quadrilha, eu quero responder dizendo que essa é a nossa quadrilha. Para eles pobre é quadrilha, é essa a quadrilha dos pobres que foi injustamente marginalizada e agora está sendo tratada com um mínimo de dignidade. Com muito orgulho eu quero dizer: eu pertenço a essa quadrilha e vamos continuar mudando o país com esse objetivo", afirmou o agora ex-ministro.

    Carvalho também brincou dizendo que pediu desculpas à presidente Dilma Rousseff "porque sei que dei muita dor de cabeça a ela, particularmente com minhas falas à imprensa".

    "Eu quero dizer a vocês que dessas bombas em nenhum momento eu me arrependi, aquilo que foi dito como 'sincericídio' foi uma convicção muito forte que um governo, para além de realizar, precisa interpretar a realidade, precisa ser educador", declarou.

    O ex-ministro fez uma homenagem ao petista Luiz Gushiken (1950-2013), inocentado no mensalão, a quem chamou de "pessoa extremamente injustiçada, que morreu sem ser reconhecida", mas afirmou que "há entre nós pessoas que tombaram, que caíram nos erros".

    "Diferentemente de antes, cada um de nós companheiros que cometeu um erro foi punido, pagou um preço, doloroso para nós, mas pagou um preço. Isso eu espero que sirva de fato para um novo padrão republicano", afirmou.

    "Não temos que ter medo nem vergonha de ninguém", disse.

    Em seu discurso, o petista não fez referência ao atual escândalo de corrupção na Petrobras revelado pela Operação Lava Jato.

    O novo ministro, Miguel Rossetto, afirmou que irá ampliar o processo de "participação popular e de diálogo" na Secretaria-Geral da Presidência. "Nós vamos estimular permanentemente um diálogo forte, verdadeiro, respeitoso, um diálogo capaz de construir consensos", declarou.

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