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    Kátia Abreu diz que não vai travar 'guerras' no Ministério da Agricultura

    GABRIELA GUERREIRO
    DE BRASÍLIA

    05/01/2015 19h21

    Ao assumir nesta segunda-feira (5) o Ministério da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB-TO) disse que não vai travar nenhuma "guerra" nem vai aceitar qualquer "provocação" que prejudique seu trabalho à frente da pasta.

    Em meio às críticas de setores produtivos e rurais contrários à sua escolha para o ministério, a peemedebista disse que sua postura será de "diálogo" com todas as áreas vinculadas à agricultura.

    "O Ministério da Agricultura será o ministério do diálogo. Estamos prontos para trabalhar e ir para o bom combate. Nenhuma luta, nenhuma guerra que venha a trazer conflitos que possam puxar o país para trás terá minha participação. Não aceitarei nenhum tipo de provocação", afirmou.

    Kátia Abreu assumiu formalmente o cargo em cerimônia no estacionamento do ministério, nesta segunda, com a presença de 17 ministros. Durante o ato, adotou o discurso de conciliação com todos os setores agrícolas e ambientais, com direito a afagos ao setor ambiental e aos pequenos produtores rurais.

    Representante do agronegócio no Congresso, a ex-senadora enfrenta resistências de movimentos sociais como o MST (Movimento dos Sem-Terra), pequenos produtores rurais, além de empresas como o frigorífico JBS –cujo um dos donos, Joesley Batista, teve atritos com a ministra no passado.

    Kátia Abreu disse que foi "convocada" pela presidente Dilma Rousseff para "servir o país" e vai travar lutas que possam "levar o Brasil adiante".

    Em um recado para donos de grandes frigoríficos, a ministra disse que a pasta vai dar condições para que "todas as empresas possam estar aptas para exportar", sem "enfraquecer ou desmerecer" nenhum deles.

    Sobre o MST, a ministra disse que cabe ao Ministério do Desenvolvimento Agrário o diálogo com o movimento. "O meu ministério não é o responsável pela reforma agrária, a reforma agrária é do MDA [Desenvolvimento Agrário]. Temos competências, cada ministério, e eu pretendo respeitar essa competência."

    Em um afago aos pequenos produtores agrícolas, também resistentes a sua indicação, a ministra disse que "todos aqueles que quiserem produzir, não interessa o tamanho da terra", terão o apoio da pasta.

    "Esse ministério terá os olhos voltados todo o tempo para as mais importantes das peças eficientes da agricultura, os produtores rurais. Se eles tiverem sucesso em sua atividade, ganha a sociedade como um todo."

    Ao citar a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) –que comanda a pasta com quem a Agricultura trava historicamente embates ambientais –Kátia Abreu disse que o "pé de guerra" com o ministério foi pacificado com a sua chegada. "Nem sempre concordamos em tudo, mas ela pelo menos permite que nós possamos dialogar", disse em seu discurso.

    PMDB

    Indicada pela presidente Dilma para o cargo, Kátia Abreu agradeceu ao presidente da sigla, Michel Temer, e ao presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), pelo "apoio" para a sua indicação.

    Apesar do nome da ministra constar entre as pastas cedidas ao PMDB, o partido considera o seu nome como da cota "pessoal" da presidente Dilma.

    Renan e Temer não participaram da posse, que reuniu quatro ministros peemedebistas: Eduardo Braga (Minas e Energia), Eliseu Padilha (Aviação Civil), Helder Barbalho (Pesca) e Vinícius Lage (Turismo), além do ex-presidente do PMDB Valdir Raupp.

    A vaga de Kátia Abreu foi considerada pelo Planalto como parte da cota do PMDB no Senado, o que irritou Renan e parte dos senadores da sigla.

    Na sexta-feira, segundo noticiou o "Painel", Renan disse a Aloizio Mercadante (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Comunicações) e Pepe Vargas (Relações Institucionais) que o PMDB foi reduzido a um "partido de secretarias", com o comando de Portos, Aviação e Pesca.

    O presidente do Senado também teria trocado farpas com o senador Jader Barbalho (PMDB-PA), que aceitou a indicação do filho, Helder, para uma pasta considerada "menor" pelo partido.

    Em nota, Renan negou que tenham ocorridos atritos dentro do PMDB ou que a sigla reivindique maior espaço no segundo mandato de Dilma. "Todas as insinuações são improcedentes", afirmou.

    METAS

    Ao assumir formalmente o cargo, Kátia Abreu admitiu que terá que superar "gargalos" em setores como o sucroalcooleiro.

    A nova ministra estabeleceu três metas para a sua gestão traçadas pela própria presidente Dilma Rousseff: desburocratizar programas da pasta, ampliar a classe média rural brasileira e consolidar um planejamento nacional de defesa agropecuária.

    Kátia Abreu prometeu dobrar a classe média rural em sua gestão, assim como levar a extensão rural aos produtores.

    A ministra admitiu dificuldades no cenário econômico para o setor, mas disse que segue "otimista" para melhorar o desempenho do Brasil no mercado agrícola internacional. "Temos ampla capacidade de produzir mais e exportar mais", disse.

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